A tríplice coroa, em esportes, é um título não oficial dado a uma equipe ou esportista que conquista três importantes títulos na mesma temporada.
A simbologia da "tríplice coroa" remete ao período dos grandes impérios, evocando a figura de um rei conquistador, que governa simultaneamente três territórios. Está presente no Brasão de armas da Suécia, da província de Munster (Irlanda) e da cidade de Kingston upon Hull (Inglaterra), entre outros. "Tríplice coroa" é também um dos nomes dados à Tiara papal ("Tríplice Tiara" ou "Triregnum"), utilizada desde o século XIV como símbolo da autoridade do Papa da Igreja Católica e abandonada por Paulo VI em 1963, que encerrou a segunda sessão da Concílio Vaticano II.[1]
Em Diva, livro de 1864 de José de Alencar, o escritor cearense fez o seguinte uso da expressão: Estes e muitos outros pequenos fatos eram comentados no salão de D. Matilde pelas outras moças, que não perdoavam a Emília tantas superioridades, como ela tinha; pois cingia-lhe a fronte a tríplice coroa da beleza, do espírito e da riqueza (p. 10).[2]
Diferentes entidades esportivas consideram pelo menos três diferentes conceitos de "tríplice coroa" no futebol. A "tríplice coroa Internacional" refere-se apenas a títulos reconhecidos pelas confederações continentais e pela FIFA. A "tríplice coroa europeia" leva em consideração competições nacionais e a Copa Europeia dos Campeões. A "tríplice coroa brasileira" envolve as duas grandes competições nacionais e o estadual. E há ainda o uso genérico de "Tríplice Coroa" como a conquista de três títulos quaisquer numa mesma temporada.[3]
Para a tríplice coroa internacional de futebol, consideram-se apenas as competições oficializadas pela FIFA e pelas confederações continentais - UEFA da Europa; CONMEBOL da América do Sul; CONCACAF da América Central, América do Norte e Caribe; CAF da África; AFC da Ásia; e OFC da Oceania.[4]
Como, atualmente, o vencedor da Libertadores conquista vaga em duas competições, quais sejam a Recopa e o Mundial de Clubes (no seu atual formato), sendo esta primeira disputada no ano seguinte, entende-se como vencedor de uma tríplice o vencedor das 3, embora não conquistadas todas no mesmo ano. Seguindo este formato, os clubes brasileiros que ganharam a tríplice coroa internacional foram: o São Paulo (1993 e 1994), o Internacional (2007) e o Corinthians (2013).
Em 1992-93, o São Paulo venceu a Libertadores e a Intercontinental, vencendo também a Recopa Sul-Americana do respectivo ano seguinte (1993-94), tornando-se o primeiro time sul-americano a vencer duas Tríplices Coroas Internacionais. Para completar, o São Paulo ainda venceu a Supercopa Libertadores em 1993, conquistando então uma Quádrupla coroa Internacional. Vencendo a Copa Conmebol de 1994, o time fez 8 torneios internacionais em 3 anos.
Em 2006, o Internacional sagrou-se campeão da Copa Libertadores, conquistou o título da Copa do Mundo de Clubes da FIFA e garantiu a conquista da Recopa Sul-Americana de 2007, formando assim uma tríplice coroa internacional.[5]
Em 2013, o Corinthians se sagrou campeão da Recopa Sul-Americana após ter sido campeão de sua primeira Copa Libertadores e da Copa do Mundo de Clubes da FIFA de 2012, formando assim uma tríplice coroa internacional de maneira invicta.[6]
Na imprensa esportiva europeia, o conceito de "tríplice coroa" (em geral chamada "Treble", mas também "Triple Crown") é mais frequentemente aplicado para os clubes que conquistam três títulos em competições de temporada - excluindo-se, portanto, o Mundial de Clubes e competições de um único confronto, como as Recopas e Supercopas.
Na Europa, chama-se "Double" ("Dobradinha") à conquista, em uma mesma temporada, do Campeonato e da Copa de um país - feito raríssimo no futebol da Itália ou da Inglaterra, mas realizado 21 vezes pelo Linfield na Irlanda do Norte.[7] No caso, a "tríplice coroa" ("Continental Treble") é conferida ao clube que, além de conquistar o "Double" no seu país, na mesma temporada vence também a Liga dos Campeões.
Em mais de 60 anos de Campeonato Europeu de Clubes, apenas 9 vezes uma equipe conquistou a Tríplice Coroa Europeia (copa e campeonato domésticos e a Champions League), formando um conjunto de 7 times: o Celtic da Escócia em 1966–67, o Ajax da Holanda em 1971–72, o PSV Eindhoven (também da Holanda) em 1987–88, o Manchester United da Inglaterra em 1998–99, o Barcelona da Espanha em 2008–09 e 2014-15 (duas vezes), o Internazionale da Itália em 2009–10 e o Bayern de Munique da Alemanha em 2012-13 e 2019–2020 (duas vezes).[8] Considerando a Copa da UEFA, foram os vencedores: o sueco IFK Göteborg em 1981–82, o turco Galatasaray em 1999–00, o português FC Porto em 2002-03 e em 2010-11 (duas vezes) e o russo CSKA Moscou em 2004–05.
No futebol português, desde a criação da Taça da Liga em 2007/2008, apenas um clube conquistou a "tríplice coroa" nacional. O Sport Lisboa e Benfica conseguiu o inédito feito na época de 2013/2014 ao conquistar a Primeira Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga.[9]
Durante um bom tempo, a "tríplice coroa", em moldes europeus, não podia ser aplicada no Brasil - já que, entre 2001 e 2012, os clubes brasileiros que estivessem na disputa da Copa Libertadores da América eram impedidos de participar da Copa do Brasil, criada em 1989, na mesma temporada. Mas, como aqui existem competições estaduais, adaptou-se o conceito de "tríplice coroa" para o clube que vencer, na mesma temporada, o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil e o seu Campeonato Estadual. Em 1967 e 1968, havendo paralelo entre a Taça Brasil e Robertão, existiu a possibilidade de uma tríplice como na mentalidade europeia, mas não ocorreu, apesar do duplo palmeirense em 1967 (Racing da Argentina venceu a Libertadores daquele ano).
Na verdade, a "tríplice coroa nacional" tem essa alcunha por ser formada por todas as conquistas que, em tese, todas as equipes brasileiras podiam ganhar jogando apenas em solo nacional.
O "molde original" de "tríplice coroa nacional" (estadual, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro) foi vencido por apenas dois clubes: o Cruzeiro, em 2003 (quando a expressão tríplice coroa foi consagrada no Brasil);[10][11][12][13][14][15] e o Atlético-MG, em 2021. Em homenagem ao feito, o Cruzeiro usou uma coroa no escudo de 2004 a janeiro de 2021,[16] já o Atlético, em razão da rivalidade, deu preferência ao termo triplete.[17]
Além dessas competições (estadual, copa e campeonato nacional), qualquer time brasileiro pode disputar também atualmente outras 6 competições oficiais: Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Copa Sul-Americana, Copa Libertadores, a Levain Cup/CONMEBOL Final e o Mundial de Clubes, havendo impossibilidade de conquista no mesmo ano da Sul-Americana e da Libertadores e, consequentemente, da Sul-Americana e do Mundial de Clubes (no seu atual sistema de classificação). Considerando o critério europeu de competições de temporada (excluir competições jogadas por classificação em título de outra ou com apenas um ou dois jogos), têm-se a Libertadores ou Sul-Americana a serem somadas com ao menos dois daqueles 3 troféus (do estadual, da copa nacional e do campeonato nacional) e formar uma tríplice naqueles termos, observando-se que a Sula é um "título b" em relação a Libertadores. Duas outras observações são que o Mundial de Clubes possui mais relevância para a América do Sul do que para a Europa (além de jogado no mesmo ano/temporada da sua "competição de origem") e que os estaduais, segundo os especialistas, estão com o "peso" menor com o passar dos anos. Logo, tendo em vista outras combinações e valorações de títulos, outros formatos de "tríplice coroa" podem ser considerados mais gloriosos que a do Cruzeiro em 2003, como a do Flamengo em 2019, que repetiu feito do Santos de Pelé.[18] Uma vez que o clube carioca venceu a Copa Libertadores da América, e não a Copa do Brasil, muitos comentaristas a entendem como maior que a do Cruzeiro.[19][20] Em 2020, o Palmeiras formou uma forte combinação inédita: estadual, Copa do Brasil e Libertadores.
Assim, cinco vezes foram conquistadas no mesmo ano ao menos 3 conquistas entre estadual, Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores: Santos (1962), Cruzeiro (2003), Flamengo (2019), Palmeiras (2020) e Atlético-MG (2021). Menção honrosa porém para a tríplice de 1963 do Santos, com a conquista interestadual Rio-São Paulo no lugar do estadual; as tríplices de 1981 (F), 1992 (S) e 2005 (S) de Flamengo ou São Paulo, formadas por títulos estadual, continental e mundial; e a do São Paulo de 1993, quando venceu, além da Libertadores e da Copa Intercontinental, a Supercopa Libertadores, uma competição de temporada da época. Nenhum time ganhou uma tríplice formada por Libertadores, Brasileirão e Copa do Brasil.[21] Nenhuma tríplice foi alcançada contando com a Copa Sul-Americana.
O Cruzeiro (2003) e o Atlético Mineiro (2021), pois, são os únicos a vencerem a Copa do Brasil e o Brasileirão no mesmo ano; o Santos (1962 e 1963) e o Flamengo (2019), os únicos a vencerem a Libertadores e o Brasileiro no mesmo ano, sendo que o Santos é o único a ser campeão mundial e do Brasileiro na mesma temporada; o Palmeiras, o único a vencer a CLA e a Copa do Brasil (2020).[22]
A tríplice coroa foi superada algumas vezes, tornando-se uma quádrupla coroa:
De forma geral, alguns órgãos da imprensa esportiva brasileira também chamam de "tríplice coroa" qualquer conquista de três títulos oficiais e profissionais numa mesma temporada, misturando competições de diferentes níveis geográficos, desde que oficiais e chanceladas pela respectiva federação ou confederação responsável.
Neste sentido, não considerando tríplices com mais de uma conquista estadual (listadas na secção outras), há treze casos de tríplice coroa no Brasil e quatro quadruplas, envolvendo competições oficiais realizadas no mesmo ano, embora de fato findadas ou jogadas no ano seguinte (como a Copa do Brasil e o Brasileirão de 2020, terminados em 2021), desconsiderando-se o conceito de tríplice que envolva ganhar a competição do ano seguinte conquistada com a vaga de uma conquista do ano passado, utilizado na secção Futebol internacional em relação à Recopa Sul-Americana. Desconsideram-se: taças de fases, chaves ou turnos de outras competições, como as zonas da Taça Brasil (razão pela qual não consta a "tríplice de 1959" do EC Bahia, que embora presente em muitas listas da impressa, tem como um dos títulos a Zona Norte-Nordeste da Taça Brasil, listada erroneamente como Torneio Norte-Nordeste) e os turnos dos estaduais, por exemplo; competições amistosas ou de oficialidade duvidosa, como a Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo; e conquistas de times de base. Segue-se os critérios das seguintes listas: Lista de títulos interestaduais do futebol brasileiro, Lista de títulos internacionais de clubes brasileiros de futebol e Lista de campeões do futebol brasileiro.
Por times: Santos: 4; Flamengo e São Paulo: 3; Palmeiras: 2; Athletico-PR, Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio e Paysandu: 1.[31]
Além do formato vencido pela dupla mineira, outros se repetiram ou, pelo menos, se assemelharam:
As tríplices de 1962 (Santos), 1963 (Santos), 1968 (Santos), 1996 (Grêmio), 2019 (Athletico), 2019 (Flamengo), 2020 (Flamengo) e 2020 (Palmeiras) são formadas por conquistas de nível estadual ou interestadual, nacional e internacional, não considerando o peso de cada uma, o que significa que 8 vezes um time brasileiro foi campeão regional (sentido amplo), nacional e internacional; as de 1964 (Santos), 1993 (Palmeiras), 2002 (Paysandu), 2003 (Cruzeiro) e 2021 (Atlético-MG) não contaram com títulos internacionais; as de 1981 (Flamengo), 1992 (São Paulo), 1993 (São Paulo) e 2005 (São Paulo) não tiveram títulos nacionais, sendo que a penúltima também não teve estadual.
Cita-se aqui tríplices menos listadas pela impressa e formadas com competições de menor expressão, como copas ou campeonatos municipais, copas estaduais ou sub-estaduais e títulos de divisões inferiores, embora ainda segundo o parâmetro da profissionalidade, oficialidade e independência (não constam turnos e fases).
Em 1968, o Botafogo conquistou a Taça Guanabara (independente), o Campeonato Carioca e o Campeonato Brasileiro. A Taça Guanabara era um campeonato oficial à parte e não um turno ou fase do Campeonato Carioca como atualmente. A primeira do Rio de Janeiro.
Em 1993, o Vasco da Gama conquistou a Copa Rio (estadual), o Campeonato Carioca e o Torneio João Havelange.
Em 2008, o Brusque conquistou o Campeonato Catarinense - Série B, a Copa Santa Catarina e a Recopa Sul-Brasileira.[32][33] A primeira e única de Santa Catarina.
Em 2012, o Sampaio Corrêa conquistou o Campeonato Maranhense, a Copa União do Maranhão e o Campeonato Brasileiro - Série D.[34][35][36][37] A primeira e única do Nordeste.
Em 2014, a Lajeadense conquistou o Campeonato da Região Sul-Fronteira, a Copa FGF e a Super Copa Gaúcha.[38][39][40] A primeira e única do interior gaúcho.
Em 2019, a CBF passou a chancelar o Campeonato Brasileiro de Futebol Sub-17. Assim, juntando-se aos outros 2 campeonatos brasileiros chancelados pela mesma entidade - Campeonato Brasileiro de Futebol Sub-20 e Campeonato Brasileiro de Futebol - considera-se que uma agremiação conquistou a tríplice coroa de Campeonatos Brasileiros se ela conquistar os 3 campeonatos numa mesma temporada.[41]
Em 2019, o Flamengo foi a primeira equipe a conquistar a tríplice coroa de Campeonatos Brasileiros, já que conquistou o Campeonato Brasileiro de Futebol Sub-17 de 2019, o Campeonato Brasileiro de Futebol Sub-20 de 2019 e o Campeonato Brasileiro de Futebol de 2019 - Série A[42][43]
Em 2014, o São José venceu o Campeonato Paulista, a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes (Japan FA).[44]
Em 2021, o Corinthians Feminino venceu o Campeonato Paulista, o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores.[45][44] Como a Copa do Brasil não é jogada desde 2017, o time venceu as três principais competições. Curiosamente, foi o tri de cada competição.
A tríplice coroa do automobilismo é composta pelas três seguintes conquistas: O Grande Prêmio de Mônaco, as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas de Le Mans.
No beisebol, a tríplice coroa não se refere a títulos conquistados pelos clubes, mas sim a conquistas dos atletas individualmente.
Há ainda casos de Tríplice Coroa no basquete, ciclismo, tênis, rugby, vôlei, futsal e etc.
No basquete, a equipe do Flamengo conquistou na temporada 2009 o Campeonato Carioca, o Novo Basquete Brasil e a Liga Sul-Americana.
No futsal, a equipe Carlos Barbosa em 2009 conquistou a Liga Nacional, Taça Brasil e Campeonato Gaúcho.
No futebol de areia, a equipe do Vasco da Gama em 2014 conquistou o Campeonato Carioca, o Circuito Brasileiro e a Copa Brasil.
No vôlei, a equipe do Sada Cruzeiro de Belo Horizonte (MG - Brasil) conquistou a tríplice coroa por duas vezes: na temporada 2011-12 (com os títulos do Campeonato Estadual, da Liga Nacional e do Campeonato Sul-Americano) e na temporada 2014-15 (com os títulos do Torneio de Irvine, do Campeonato Estadual e da Liga Nacional).
Fala-se em "tríplice coroa da atuação" (em inglês, "Triple Crown of Acting") para atores ou atrizes que sejam premiados por seus trabalhos nos três diferentes veículos: cinema, teatro e televisão, respectivamente com os Prêmios Óscar, Tony e Emmy.[46][47]
No mundo dos concursos de beleza, a imprensa especializada dos Estados Unidos atribui a "tríplice coroa" para modelos que sejam premiadas em seu estado nos três diferentes sistemas (Miss Teen USA, Miss USA e Miss America)[carece de fontes].
[...] o termo é usado aqui de qualquer forma.
A formação de Jorge Jesus que sucede, assim, ao Athletico Paranaense, que durante este ano civil venceu o campeonato paranaense, a Levain Cup - prova internacional da CONMEBOL em conjunto com o campeonato japonês de futebol - e a Copa do Brasil, após eliminar o Internacional a duas mãos, por 1-0 e 2-1.
Sérgio Frota também levou o Sampaio Corrêa a um feito inédito: a conquista de tríplice coroa em 2012 - estadual, Copa União e Série D.
Considerado uma das peças fundamentais para a tríplice coroa do Sampaio em 2012 (Maranhense, Brasileiro da Série D e Copa União) e eleito no fim da temporada pelo Troféu Maranhense como o craque do ano. Arlindo Maracanã, capitão Tricolor, está confirmado para a próxima temporada.
Campeão maranhense, da Série D e da Copa União, a tríplice coroa do futebol local, o Sampaio Corrêa deseja a realização de um amistoso no Castelão, (...)
No domingo (23), o Lajeadense conquistou a Super Copa Gaúcha ao vencer o Novo Hamburgo por 2×1. Com mais esse título, a equipe alvi azul conquistou a Triplice Coroa do segundo semestre do futebol gaúcho, pois já havia vencido a Copa Sul Fronteira e a Copa Fernandão.
Time fez a tríplice coroa: Campeão da Copa Fernandão, Campeão da Copa Sul-Fronteira e Campeão da Supercopa Gaúcha.
Não há como negar que o clube anda acostumado a decisões - venceu a tríplice coroa gaúcha em 2014 e a Recopa em 2015, esta última diante do Inter.
O conteúdo apresentado do artigo da Wikipedia foi extraído em 2021-12-23 com base em https://pt.wikipedia.org/?curid=30060