Janaína Dutra | |
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Nascimento | 30 de novembro de 1960 Canindé |
Morte | 8 de fevereiro de 2004 (43 anos) Fortaleza |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | advogado, ativista LGBTQIA+, |
Causa da morte | câncer de pulmão |
Janaína Dutra, (Canindé, 30 de novembro de 1960[1][2] — Fortaleza, 8 de fevereiro de 2004), foi uma ativista social do movimento LGBTQIA+ e advogada brasileira. É reconhecida por ser primeira travesti a portar uma carteira profissional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).[3][4][5]
Janaína Dutra nasceu em Canindé, interior do Ceará, como parte de uma família de dez irmãos. Foi registrada ao nascer sob o nome de Jaime César Dutra Sampaio.[1][4][3]
Desde a infância gostava de usar os vestidos e maquiagens das irmãs. Aos 14 anos passou a sofrer discriminação homofóbica (transfobia e misoginia) da sociedade. Foi naquela época que sua família descobriu que seu gênero não era o designado no nascimento.[1] Janaína sempre foi apoiada pela família.[5]
Aos 17 anos, Janaína foi morar com a irmã em Fortaleza, onde trabalhou na Caixa Econômica Federal.[1] Começou a caminhada na defesa da comunidade LGBTQIA+[5] e começou a fazer tratamento com hormônios femininos.[1] Por causa do grande preconceito vivido, Janaína decidiu cursar Direito na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Formou-se bacharel em 1986 e tornou-se a primeira travesti a portar uma carteira profissional da Ordem dos Advogados do Brasil,[1][5] apesar de seu nome de batismo ainda constar no documento.[1]
Janaína declarou em 2000 que "Cheguei onde cheguei por conta do apoio familiar que ainda é a base tudo. Aquilo que te carrega as baterias. Uma boa relação familiar te dá coragem para enfrentar a sociedade".[1]
Conhecida por carregar consigo uma cópia da lei anti-homofobia aprovada por sua cidade natal, Janaína passou a vida inteira participando de conferências, seminários e mesas redondas para defender a igualdade.[1]
Ao longo da década de 1980, passou a dedicar seu tempo às causas LGBT e dos soropositivos. Foi participante ativa na construção do Grupo de Apoio Asa Branca (Grab), cuja criação é o marco fundador do movimento da livre orientação sexual e identidade de gênero no Ceará, foi co-fundadora (1989), assessora jurídica e vice-presidente (nos mandatos 1995, 1997, 1999 e 2001) da entidade. No Grupo de Apoio Asa Branca, participou de diversos projetos, entre eles destaque para o ‘Somos’ que trabalhava a prevenção de DSTs/Aids. Também fundou, ao lado da ativista travesti Thina Rodrigues, a Associação das Travestis do Ceará (Atrac). Dutra também foi presidenta da Articulação Nacional das Travestis (Antra) e membro do Conselho Nacional Contra a Discriminação, e nesse ajudou na criação da Lei Municipal 8.211/98, lei que coíbe e pune a LGBTFobia em estabelecimentos comerciais, industriais, empresas prestadoras de serviços e similares, que discriminarem pessoas em virtude de sua orientação sexual em Fortaleza.[1][6]
Ao lado do Governo Federal, Janaína Dutra ajudou na construção do programa “Brasil sem Homofobia” e exerceu trabalho pioneiro junto ao Ministério da Saúde na elaboração da primeira campanha de prevenção à AIDS destinada especificamente às travestis.[1][6]
Em 2010, foi lançado o filme Janaína Dutra - uma Dama de Ferro, do produtor e roteirista internacional Wagner de Almeida, que conta a história de vida e a luta política da ativista.[7]
Em 2011, foi fundado em Fortaleza, o Centro de Referência LGBT Janaína Dutra,[2] órgão municipal que tem por objetivo proteger a população LGBT em situação de violência, violações e omissões de direitos com base na sua orientação sexual e/ou identidade de gênero.[8]
Em 30 de novembro de 2021, em homenagem aos 61º aniversário da ativista, o Google utilizou um Doodle em sua homenagem.[9]
Janaína Dutra morreu vítima de câncer de pulmão aos 43 anos de idade, em 8 de Fevereiro de 2004.[1]
O conteúdo apresentado do artigo da Wikipedia foi extraído em 2021-12-10 com base em https://pt.wikipedia.org/?curid=2952858