Hamilton Mourão | |
---|---|
25.º Vice-presidente do Brasil | |
Período | 1 de janeiro de 2019 até a atualidade |
Presidente | Jair Bolsonaro |
Antecessor(a) | Michel Temer |
Dados pessoais | |
Nome completo | Antônio Hamilton Martins Mourão |
Nascimento | 15 de agosto de 1953 (67 anos) Porto Alegre, Rio Grande do Sul |
Nacionalidade | brasileiro |
Progenitores | Mãe: Wanda Coronel Martins Mourão Pai: Antonio Hamilton Mourão |
Alma mater | Academia Militar das Agulhas Negras Escola de Comando e Estado-Maior do Exército |
Cônjuge | Elisabeth Mourão (c. 1976; v. 2016) Paula Mourão (c. 2018) |
Partido | PRTB (2018-presente) |
Religião | Católico |
Residência | Palácio do Jaburu |
Assinatura | |
Serviço militar | |
Lealdade | Brasil |
Serviço/ramo | Exército Brasileiro |
Anos de serviço | 1972–2018 (46 anos) |
Graduação | General de Exército |
Comandos |
|
Condecorações | GCRB • GCMM • GCMD |
Antônio Hamilton Martins Mourão GCRB • GCMM • GCMD (Porto Alegre, 15 de agosto de 1953) é um general da reserva do Exército Brasileiro e o atual vice-presidente do Brasil, desde 2019.[1]
Em 28 de fevereiro de 2018, após longa atuação na carreira militar — marcada por diversos comandos exercidos e algumas opiniões polêmicas — passou para a reserva remunerada.[2] Em 5 de agosto, foi anunciado como candidato a vice-presidente da República, na chapa encabeçada pelo deputado Jair Bolsonaro,[3] sendo eleito ao cargo, em 28 de outubro daquele ano.[4]
De ascendência indígena,[5] Hamilton Mourão é filho do general de divisão Antônio Hamilton Mourão (natural do Amazonas) e de Wanda Coronel Martins Mourão (de Bagé) [6]. Foi casado com Ana Elisabeth Rossell Mourão desde 1976, com quem teve dois filhos: Antônio e Renata. Viúvo em 2016, casou-se dois anos depois com Paula Mourão.
Morou dois anos em Washington[7], nos Estados Unidos, no período de junho de 1967 até junho de 1969, enquanto seu pai, o então coronel Antônio Hamilton Mourão estudava no Colégio Interamericano de Defesa[8] no Forte Lesley J. McNair[9].
Ingressou no Exército em fevereiro de 1972, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) onde, em 12 de dezembro de 1975, foi declarado aspirante-a-oficial da Arma de Artilharia.[1]
Em seguida obteve cursos de formação, de aperfeiçoamento, de altos estudos militares da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e do Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército, além dos cursos básico paraquedista, mestre de salto e salto livre, também possui o curso de guerra na selva.[1]
Durante sua vida militar, foi instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras, cumpriu Missão de Paz em Angola – UNAVEM III – e foi adido militar na Embaixada do Brasil na Venezuela. Comandou o 27° Grupo de Artilharia de Campanha em Ijuí (Rio Grande do Sul), a 2ª Brigada de Infantaria de Selva em São Gabriel da Cachoeira (Amazonas), e a 6ª Divisão de Exército, em Porto Alegre.[1]
Foi Vice-Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército e, ao ser promovido ao último posto, Comandante Militar do Sul, entre 28 de abril de 2014 e 26 de janeiro de 2016.[10] Na sequência, chefiou a Secretaria de Economia e Finanças, de onde foi exonerado em 9 de dezembro de 2017.[11][12] Na época, a sua exoneração foi associada ao teor de suas declarações durante palestras que ministrava em Clubes do Exército ao redor do país, no entanto a assessoria do Exército Brasileiro não informou o real motivo para a exoneração do general.
Deixou o serviço ativo em 28 de fevereiro de 2018, após 46 anos de serviço, sendo transferido para a reserva remunerada.[2][13][14]
Segundo a Revista Sociedade Militar, o general Hamilton Mourão se inscreveu e se consagrou, sem necessidade de eleições (por aclamação), como novo presidente do Clube Militar.[15]
Filiou-se ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e ingressou na política, sendo candidato eleito à vice-presidência da República na chapa de Jair Bolsonaro.[16][17]
O militar ganhou notoriedade no ano de 2015 durante as crises políticas do mandato da presidente Dilma Rousseff , quando foi transferido do Comando Militar do Sul (CMS) para a Secretaria de Economia e Finanças, no Distrito Federal, transferência esta normal pelas normas do Exército após completar 02 (dois) anos de comando do Comando Militar do Sul.[18][19]
Em pronunciamento público na loja maçônica Grande Oriente do Brasil em setembro de 2017, no Distrito Federal, afirmou que entre os deveres do Exército Brasileiro está a garantia do funcionamento das instituições e da lei e da ordem, e que se o judiciário não fosse capaz de sanar a política existente no país isso seria imposto pelo exército por meio de uma intervenção militar, que na visão dele estaria prevista na Constituição Federal de 1988.[20][21] Porém, durante um pronunciamento referente à greve dos caminhoneiros, que ocorreu no primeiro semestre de 2018, ele deixou claro que a intervenção militar não seria a solução para a crise vivida no país.
"Tem gente que quer as Forças Armadas incendiando tudo. E a coisa não pode ser assim, não pode ser desse jeito. Não concordo. Soluções dessa natureza a gente sabe como começam e não sabe como terminam. Acho que a coisa tem que ser organizada, concertada. Se o governo não tem condições de governar, vai embora, renuncia. Antecipa as eleições, faz qualquer coisa, mas sai do imobilismo dele." — General Hamilton Mourão, 27 de maio de 2018.[22]
No dia 23 de novembro de 2018, concedeu entrevista à Folha de S.Paulo, na qual afirmou que defende pragmatismo e cautela em temas como economia e relações com China, Venezuela e Oriente Médio.[23] Mourão é considerado por parte da imprensa como uma voz moderada no governo Bolsonaro.[24][25][26][14]
Durante a recuperação de Jair Bolsonaro após o atentado, Mourão deu declarações consideradas controversas e revelou ter desejo de ir aos debates no lugar dele.[27]
Mourão disse ter intenção de convocar uma nova constituinte, composta apenas por "notáveis" e não por pessoas eleitas democraticamente.[28] Mourão também causou polêmica ao criticar do décimo terceiro salário, chamando-o de uma das "jabuticabas brasileiras" e que teria custos aos empresários, mas disse que isso não significa que iria pôr fim a ele.[29][30] Bolsonaro disse ao Jornal Nacional que as afirmações de Mourão foram "infelizes", que o "décimo terceiro salário do trabalhador está previsto no art. 7° da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas" e que "só quem desconhece a Constituição critica benefício".[31]
Em 6 de outubro de 2018, Mourão causou uma nova controvérsia ao afirmar que seu neto é um "cara bonito" por conta do "branqueamento da raça" ao conceder uma entrevista no Aeroporto de Brasília. Mourão já havia se envolvido em uma polêmica relativa a questões raciais quando assumiu o posto de vice da chapa de Bolsonaro. Ele havia afirmado em uma palestra que o Brasil tinha a "indolência" dos indígenas, a "herança do privilégio" dos ibero-americanos e a "malandragem" dos negros.[32]
Em abril de 2019, Mourão foi alvo de um pedido de impeachment do deputado federal Marco Feliciano, que acusou de "conduta indecorosa, desonrosa e indigna” e de “conspirar” para conseguir o cargo do presidente Jair Bolsonaro. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, acabou arquivando o pedido e disse em nota, no dia 24 do mesmo mês, que a denúncia é “inadmissível” e tem “propósito acusador”, pois não se trata de condutas referentes ao exercício do cargo.[33]
Entre os motivos que levaram Marco a apresentar a denúncia, está uma postagem crítica realizada pela jornalista Rachel Sheherazade e endossada pelo Mourão. Na publicação, curtida por Mourão, Raquel indica que o vice-presidente é a melhor opção para administrar o Brasil.[33]
Em 31 de março de 2020, o general Hamilton Mourão elogiou o Golpe de Estado no Brasil em 1964, que instaurou a ditadura militar brasileira. Seu posicionamento foi alvo de críticas de políticos da oposição.[34] Segundo o entendimento da subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen, coordenadora da Câmara Criminal do Ministério Público Federal, o posicionamento do general poderia ser considerado crime previsto na Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/83), na Lei dos Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/50) e no próprio Código Penal (artigo 287).[35]
Em maio de 2020, Eduardo Fernandes, do Congresso em Foco, analisou o discurso de Hamilton Mourão, no artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, e notou que existe nele traços autoritários:
“ | Logo na primeira frase diz: “A esta altura está claro que a pandemia de covid-19 não é só uma questão de saúde: por seu alcance, sempre foi social; pelos seus efeitos, já se tornou econômica; e por suas consequências pode vir a ser de segurança.”
Caso o fim do auxílio emergencial venha a dar origem a saques e (mais) violência, isso poderia ser considerado uma “questão de segurança”? Em caso positivo, faltariam “juristas” a justificar uma “intervenção” das forças armadas em sua missão constitucional de garantir a Lei e a Ordem? Será? Ainda que o artigo do vice tenha aspectos cifrados, há mensagens claras. A primeira é o fato de que “nos tornamos incapazes de sentar à mesa, conversar e debater”. Nisso, tem razão o general, embora ele não tenha se lembrado de citar quem, no dia 03/05/2020, em frente ao quartel general das Forças Armadas, afirmou “Chegamos ao limite. Não tem mais conversa”.[nota 1] Em seguida, afirma que a imprensa “precisa rever seus procedimentos”, e passar a dar “o mesmo espaço a opiniões distintas, favoráveis e contrárias ao governo”. Ou seja, críticas e louvações às ações do governo devem ter espaço igual, retirando da imprensa o direito de se posicionar? A isso se chama liberdade de imprensa?[37] |
” |
Em janeiro de 2021, o presidente da França Emmanuel Macron disse que "continuar a depender da soja brasileira seria ser conveniente [sic] com o desmatamento da Amazônia".[nota 2] Após a declaração, o general Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia, iniciou uma discussão com o presidente da França em rede social. O general Mourão disse em uma das postagens que Macron "desconhece a produção de soja no Brasil. Nossa produção de soja é feita no cerrado ou no sul do País. A produção agrícola na Amazônia é ínfima". Em resposta à BBC News Brasil, Britaldo Soares-Filho, professor do Departamento de Cartografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), disse que "O depoimento do general (vice-presidente, Hamilton Mourão) é apenas um achismo (não se baseia em evidências científicas)." O professor mencionou o estudo "As maçãs podres do agronegócio do Brasil", que apontou que no Brasil foram produzidas 500 mil toneladas de soja de forma ilegal Amazônia.[38]
Precedido por Carlos Bolivar Goellner |
51º Comandante Militar do Sul 2014 - 2016 |
Sucedido por Edson Leal Pujol |
Precedido por Michel Temer |
25.º Vice-presidente do Brasil 2019–presente |
Sucedido por — |
O conteúdo apresentado do artigo da Wikipedia foi extraído em 2021-06-14 com base em https://pt.wikipedia.org/?curid=5540409