Chorão | |
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Chorão em 2008 | |
Informação geral | |
Nome completo | Alexandre Magno Abrão |
Também conhecido(a) como | Chorão, Choris, Ale |
Nascimento | 9 de abril de 1970 |
Local de nascimento | São Paulo, SP Brasil |
Morte | 6 de março de 2013 (42 anos) |
Local de morte | São Paulo, SP Brasil |
Gênero(s) | Skate punk, rap rock, hardcore melódico, rap metal, rock alternativo, reggae, hardcore punk, ska, hip hop |
Instrumento(s) | Vocal, guitarra, beat box |
Período em atividade | 1988 – 2013 |
Outras ocupações | Skatista, empresário, roteirista |
Gravadora(s) | Virgin, EMI, Sony Music |
Afiliação(ões) | Charlie Brown Jr., What's Up,[1] RZO, Sabotage, Marcelo D2, João Gordo, Negra Li, MV Bill |
Alexandre Magno Abrão (São Paulo, 9 de abril de 1970 — São Paulo, 6 de março de 2013),[2][3] mais conhecido pelo seu nome artístico Chorão, foi um cantor, compositor, skatista, cineasta, roteirista e empresário brasileiro.
Foi o vocalista, principal letrista e co-fundador da banda santista Charlie Brown Jr., formada em 1992 junto com Renato Pelado, Marcão, Champignon e Thiago Castanho, sendo o único integrante a participar de todas as formações. Com o Charlie Brown, lançou dez discos, que venderam mais de cinco milhões de cópias.[4][5][6][7] Teve uma infância e adolescência difícil,[8] a sua mãe era doméstica, fazia pastéis, cozinhava fora para ele entregar.[9] Chorão vivia na rua, ia mal na escola, parou de estudar na sétima série, e frequentemente tinha problemas com a polícia. Com 21 anos, foi convidado a integrar uma banda com Champignon chamada What's Up, acabou não dando certo, então montou o Charlie Brown Jr.[10][11] Em 2007, Chorão roteirizou o filme O Magnata. Em 2009, lançou sua marca de roupas, a DO.CE. e La Plata. Foi encontrado morto em seu apartamento, em 6 de março de 2013, em São Paulo, vítima de uma overdose de cocaína.[12]
Alexandre Magno Abrão nasceu em 9 de abril de 1970 na cidade de São Paulo. Quando tinha 11 anos, os seus pais separaram-se. Na escola nunca foi muito bem, estudou até a sétima série em São Paulo. Depois estudou um pouco em Santos e parou. Sempre estudou em escola estadual, se metia com os piores da turma e não dava certo. Quando ele quis levar a sério, foi pra escola particular, mas seu pai não tinha condição de pagar. Ele ia fazer a prova e chegavam:
“ | “Tal cara, tal cara e tal cara não podem fazer prova porque não pagaram a mensalidade”’’. | ” |
Ele não aguentou esse tipo de humilhação e parou de estudar. Aos 14 anos, Chorão passou um acontecimento muito grave na sua vida: a sua mãe teve um derrame e quase morreu. Foi nessa época que ele começou a andar de skate, uma das suas paixões. Nessa época Chorão começou a se interessar mais por música, e começou a comprar muitos discos, mas nunca teve dinheiro pra comprar, porém sempre dava um jeito. Ouvia Suicidal Tendencies, Grinders, Garotos Podres, Olho Seco, Ratos de Porão que viriam a ser grande influência para sua vida. Seu primeiro skate foi feito com um shape velho e umas rodas de patins, que conhecidos mais velhos montaram pra ele, e começou com um grupo do Ibirapuera. No começo só queria fazer parte do grupo, depois de um ano já estava correndo campeonato, tirando em segundo, estava sempre entre os três, quatro, cinco primeiros, mesmo com um tênis inferior. Correu num Brasileiro no Sul e passou em primeiro num dia, no outro dia chegou em terceiro porque tinha saído pra beber, para comemorar. Ele pensava mais na diversão, no Freestyle (estilo de vida) de viver viajando, ficar de favor no quarto dos outros, era moleque, e tinha a casa do pai pra morar, não ligava muito para o dinheiro. Até a hora em que a crise o bateu em 1989, parou porque não tinha tênis pra andar, logo depois nasceu seu filho, e por ai teve que parar para trabalhar. Chorão já foi muito brigão, arrumava briga com qualquer um que olhasse pra ele e se metia com a polícia, tendo sido preso várias vezes, por falta de documento, averiguação, briga. Uma de suas prisões foi que:
“ | “Uma vez, acreditem ou não, falaram que o bagulho era meu e eu tava sem nada, tá ligado? Como é que se diz? Me plantaram uma parada, me fizeram assumir um boletim de ocorrência que não era meu, me espancaram na delegacia e o cidadão só pode isso: apanhar e ficar calado | ” |
Mas ele passou a viver melhor a partir do momento em que teve que aceitar a sua responsabilidade, lá pelos 22 anos. "Seu pai não tinha dinheiro, queria ajudar, mas não tinha dinheiro, sua mãe era doente (sofreu um derrame na década de 1980), não tinha condição de estudar, não conseguia emprego fixo por não ter se formado em nada, tinha um filho. Então tinha que fazer alguma coisa da sua vida." Chorão já trabalhou em vários empregos, como corretor de imóveis, trabalhou em duas imobiliárias, uma de seu pai, e outra em Santos. Era um péssimo corretor e ainda por cima não tinha sorte. Foi mandado embora das duas imobiliárias, na do seu pai, ele o mandava embora sempre, era mandado embora num dia, e voltava no outro, mandava de novo, e ele voltava. Seu pai tentou depois um negócio com cartões de Natal, pra Chorão vender cartões de porta em porta. Pra ele era muita humilhação, uns compravam e outros mandam voltar depois, também não deu certo. Com essas dificuldades, Chorão já foi despejado várias vezes, sempre arrumava um dinheiro para alugar apartamento de temporada, pagava os primeiros três meses e ficava até o botarem pra fora. Nas duas vezes em que ele não saldou a dívida, seus móveis foram confiscados ("dai que veio a inspiração pra fazer a música "Confisco"). Mas hoje não deve mais nada a ninguém, a única mulher a quem ficou devendo, pagou com o primeiro dinheiro que recebeu da gravadora.
Lá pelos seus 21 anos, ele estava um bar de Santos chamado Creperie, bêbado. Tinha separado da sua namorada com quem era casado, e era show de uma banda chamada Matrix. O vocalista saiu pra beber água, ele não perdeu tempo e já subiu no palco, e falou: “Aí, agora é comigo!", pegou o microfone e começou a berrar, berrar, levou uma letra do Suicidal Tendencies meio que no improviso. Ele estava caindo por cima de todo mundo, tipo bêbado chato, mas depois um frequentador o chamou e disse: “Estamos precisando de um vocalista, você não quer fazer um teste amanhã?”. Eles marcaram o teste às 2 da tarde, ele chegou às 11 da manhã. Deram-lhe a letra, em inglês, o que soou difícil para Chorão, pois seu inglês se limitava a nome de manobra, e um pouco de cinema. Um dos integrantes o ensinou mais ou menos a música, a música e a banda chamavam-se What’s Up. Berrou, berrou, berrou, e quando ele saiu, ouviu o guitarrista dizer: “Melhor, a gente não vai arrumar mesmo”. Dois dias depois eles iam gravar para uma coletânea da rádio 95, de Santos. A banda já tinha mandado uma fita com aquela música e sido selecionada, mas no meio tempo brigaram e o vocalista saiu.
Sobre a coletânea, a banda não falou nada para ele, e quando foi ao estúdio, fazia dois, três dias que cantava. E estava muito rouco, depois do teste, eles disseram: "Pô, legal a tua voz não acaba!". Chegou em casa já sem voz e assim ficou dois dias. Foi gravar sem voz nenhuma e mesmo assim ficou legal, berrou o máximo, até o cara do estúdio o elogiou: "Esse cara é muito engraçado, canta pulando, esse moleque tem mó personalidade, não sabe cantar nada, mas vai longe”. Mas o disco acabou nem saindo, não se sabe o por quê. Quando o baixista da What's Up saiu, Chorão veio a conhecer Champignon, o novo baixista, uma criança de apenas 12 anos na época, que viria ser parceiro de banda depois, no Charlie Brown Jr..
Tempos depois, Chorão e Champignon decidiram convidar o baterista Renato Pelado, vindo de bandas da cidade como Ecossistema, Jornal do Brasil, entre outros projetos. Mais tarde, Marcão e Thiago Castanho completaram a primeira formação da banda Charlie Brown Jr. A banda, ainda sem nome, continuou a se apresentar na cidade. "Fundei e batizei a banda com esse nome em 1992. Foi uma coisa inusitada. Trombei (literalmente) com uma barraca de água de coco que tinha o desenho do Charlie Brown, aquele personagem do Charles Schulz, mais conhecido por ser o dono do Snoopy. E o "Jr" é pelo fato de sermos filhos do rock", se explica Chorão pelo fato de a banda se considerar "filha" de uma geração de músicos e bandas como Raimundos (nos anos 90 Chorão considerava Rodolfo Abrantes, o vocalista dessa banda, como o melhor do Brasil), Nirvana, Red Hot Chili Peppers, Nação Zumbi, e Planet Hemp.
A sonoridade do grupo tinha influências de grupos como Sublime, Bad Brains, 311, misturando hardcore, skate e reggae. Por volta de 1993, já com esta formação da banda, eles começaram a tocar no circuito underground de Santos e São Paulo e a fazer shows em vários eventos de skate. As primeiras apresentações do quinteto aconteceram em Santos e São Paulo, especialmente em campeonatos de skate. Uma fita demo foi entregue a Rick Bonadio, presidente da Virgin Records no Brasil e produtor dos Mamonas Assassinas, que se interessou pelo grupo e os contratou. De uma demo de três faixas surge o primeiro disco do CBJr, produzido por Tadeu Patolla e Rick Bonadio com o selo da Virgin Records. Nasce então o álbum Transpiração Contínua Prolongada. O álbum foi produzido por Tadeu Patolla (ex-Lagoa 66), e bem recebido pelas rádios com as faixas "O Coro Vai Comê!", "Proibida pra Mim (Grazon)", "Tudo que Ela Gosta de Escutar" e "Gimme o Anel", vendendo 500 mil cópias. Na época, o baixista Champignon era menor. Consequentemente, sempre que a banda se apresentava em casas noturnas, era necessária uma autorização judicial para que o jovem baixista acompanhasse o grupo.
Em meados de 2000, Chorão perdeu seu pai:
“ | "Passei por várias dificuldades neste ano, desde financeiras... , eu perdi meu pai... , e você tem que tentar lidar com isso numa boa, até você aceitar rola uma mudança, uma metamorfose". | ” |
A banda, compreendendo a falta que seu pai fazia, decide parar e dar um tempo, até Chorão realmente acostumar-se com a ideia de ter perdido alguém muito especial. O que levou ele a pensar em parar na banda, o que você pode encontrar na letra de: "Ouviu-se falar" e "Talvez a metade do caminho". Passaram-se seis meses até Chorão se olhar no espelho e ver sua barba crescida, e sua barriga aumentar, por engordar 20 kg, ficar em casa e não fazer nada, sem motivação... Então ele viu que não era bem isso que ele queria. Durante o mesmo tempo os outros integrantes, Champignon, Thiago Castanho, Marcão e Renato Pelado continuaram estudando e praticando sua música. Na verdade a banda estava pronta de novo, iria começar um novo capítulo.
Em janeiro de 2003, um rapaz de 17 anos foi até uma delegacia em Santos e fez um B.O. contra Chorão. Segundo o jovem, Chorão teria dado com um tapa em seu rosto, quando ele disse que não gostava do Charlie Brown Jr.[13] Em comunicado, Chorão informou que apenas "agrediu verbalmente" o rapaz, já que ele teria dito palavras 'depreciativas' sobre o CBJr. Ele complementa dizendo que o garoto queria "1 minuto de fama".[14]
Em 2003, durante show realizado em São Paulo, Chorão chamou Badauí (vocalista do CPM 22) para a briga, após não gostar de ler comentários sobre ele em revista.[15]
"Teve uma revista que publicou uma coisa que não era pra pôr, foi uma brincadeira em off, foi combinado que era só uma brincadeira, que não seria publicado, mas os caras publicaram, e o Chorão com certeza deve ter ficado chateado... E o cara da revista ficou espetando, insistindo, até que a gente brincou, daí já era."[16]— Japinha, baterista do CPM22, sobre a polêmica com Chorão
Dias após a morte de Chorão, Badauí deu uma entrevista ao Portal R7 afirmando que eles haviam se acertado e que as polêmicas tinham ficado no passado. Segundo Badauí, apesar de termos umas desavenças no passado, as coisas ficaram esclarecidas entre nós e é uma pena que a gente não tenha fortalecido uma amizade.[17]
Em 2002, Chorão foi o garoto-propaganda de uma peça publicitária da Coca-Cola, divulgando a promoção “No Estilo”.[18] Esta parceria com a Coca-Cola teve seu auge em 2006 na ação “Estúdio Coca-Cola”, um programa veiculado na MTV que promovia encontros musicais inusitados. Em 2008, o projeto mistura o rock do Charlie Brown Jr. com a MPB de Vanessa da Mata.[18]
Segundo Cláudia Colaferro, diretora de marketing da Coca-Cola, "o Charlie Brown Jr., encabeçado pelo Chorão, apareceu como o representante da geração que tem entre 14 e 19 anos." Por isso a escolha.[19]
Em 2004, Marcelo Camelo, vocalista da banda Los Hermanos, numa entrevista concedida para a revista da Oi, criticou a participação do Chorão no comercial "No Estilo" da Coca-Cola[20] (Camelo disse: "esse negócio de fazer comercial para Coca-Cola é um desdobramento da indústria, a gente rejeita esse negócio de vender atitude".[21] E depois: "o Charlie Brown Jr. é uma banda da qual temos discordâncias estéticas... são precursores deste estilo que combatemos."[22]). As declarações dadas por Camelo deixaram Chorão extremamente irritado. O primeiro encontro dos 2 após a polêmica declaração de Camelo se deu num voo, ocorrido no dia 2 de julho de 2004 (ambas as bandas iriam se apresentar no Piauí Pop Festival). Percebendo que Camelo estava no mesmo voo, Chorão jogou uma indireta, em voz alta: "Vou atropelar as bandas que falam mal do Charlie Brown." Após o voo, no aeroporto de Fortaleza, Camelo teria se aproximado de Chorão, que o agrediu com um soco.[23][24][25] Chorão alegou que também foi ameaçado e agredido.[26] Logo após a briga entre eles ter ganhado repercussão na imprensa, a assessoria do Charlie Brown divulgou uma nota lamentando a discussão, afirmando que os ânimos se exaltaram de ambas as partes e garantindo que foi um incidente isolado.[27]
Alguns dias após o incidente, Chorão formalizou um pedido de desculpas via site oficial da banda.[20]
Mesmo assim, alguns dias mais tarde, a banda Los Hermanos abriu 2 processos contra Chorão: Um na cidade do Rio de Janeiro, pedindo indenização por danos morais e materiais. O outro em São Paulo, no qual o grupo exigiu mais R$ 43 mil para compensar os cachês de shows e eventos que foram cancelados após a agressão.[28]
Meses depois, uma adolescente que estava na plateia do programa “Altas Horas” questionou Chorão a respeito desta polêmica passada. Além de responder rispidamente que não devia satisfação a ninguém, ele ainda cantou versos ofensivos direcionados a ela: “a patricinha da plateia usava piercings, roupas e até a calcinha comprada pelo papai". Envergonhada, a espectadora fez gestos obscenos e chorou.[29] Ele se defendeu falando que a jovem queria humilhá-lo em rede nacional.
Em 2009, no Programa Ensaio, exibido pela TV Cultura, o Charlie Brown Jr. se apresentou e Chorão deu depoimentos sobre vários aspectos da carreira da banda, inclusive o incidente com Marcelo Camelo. Chorão contou que durante um bom tempo se sentia perseguido pessoalmente por Camelo, que isso vinha lhe irritando e que, quando a confusão aconteceu, foram os integrantes do Los Hermanos que partiram pra cima dele, que teria apenas se defendido. Por fim, ele fala que não tinha nada contra Marcelo Camelo e ironicamente, diz: “Camelo, eu te amo. Sem você o Brasil não seria o mesmo.”[30]
Em 2015, dois anos após a morte de Chorão, e onze do incidente, o processo aberto pelo Los Hermanos ainda estava em trâmite na justiça.
Em 2005, devido às constantes brigas que aconteciam desde o início da banda, Chorão se desentendeu com todos os membros originais do Charlie Brown Jr., que se despediram da banda.
"O lance da banda foi um desentendimento com o empresário Pipo e o Chorão comprou a dele. Então eu, o Marcão e o Pelado fomos cada um para um lado. Tem coisas aí que não podem ser abertas porque são particulares e prefiro nem falar. Neguinho aí até parou de tocar porque ficou abalado com a situação, não acreditou. Na boa, eu não quero ficar falando mal dele (Chorão), jogando bomba, quero mais que ele fique bem rico, bem milionário e me esqueça. Esqueça a gente. Tem uma parte que não pode ser falada. Todo mundo gostaria de saber, mas a gente tem um acordo."— Champignon, sobre o rompimento da banda, em entrevista dada a Revista Jovem Pan #15, de 26/06/2005
Pouco tempo depois, em outra entrevista, Champignon afirmou que ficou magoado pelas declarações do cantor de que ele fazia tudo na banda. "Ele falou no Faustão que faz 100% de tudo. Isso é desrespeito com o Marcão, comigo e com o Pelado".
Na época, ele inclusive contratou novos instrumentistas (Heitor Gomes no lugar de Champignon e André Pinguim Ruas no lugar de Pelado, enquanto Thiago Castanho retornou à banda depois de cinco anos), e acabou virando o único remanescente da formação original.
Seis anos após o incidente, Champignon e Marcão voltaram a tocar no grupo.
Porém, num show realizado em 2012, em Apucarana, no Paraná, Chorão fez um discurso contra o baixista Champignon no meio da apresentação. Ele falou mal do parceiro com quem dividia o palco no momento, afirmando que o mesmo deveria "ficar muito grato" por ter sido aceito de volta, já que só decidiu voltar para a banda por causa de dinheiro. Champignon, então, deixou o palco, e o show prosseguiu sem o baixista. Chorão ainda ironizou a atitude do colega brincando com a plateia: “Alguém sabe tocar baixo ai?”, disse.[21]
Dias depois do incidente, os dois publicaram um vídeo na internet pedindo desculpas aos fãs.[31]
Em 2008 Chorão foi expulso de um voo que ia para Manaus, acusado pela Gol de ter se recusado a desligar um aparelho eletrônico e insultado a tripulação.[32]
Em uma entrevista dada dias após a morte de Chorão, sua viúva, a estilista Graziela Gonçalves, afirmou que o cantor era dependente de drogas, e que a dependência piorou em 2005, quando ele ficou triste com o fim da formação original da banda. Ela informou que a dependência "Não era de crack, mas sim de cocaína".[33] Graziela disse que ela, a primeira mulher do músico, Thais Lima, o filho dele, Alexander, então com 23 anos, e a empresária da banda, chegaram a procurar um advogado para providenciar a internação involuntária de Chorão.[34]
“ | Não deixaram que ele fosse internado. Não foram os familiares, foi por causa do trabalho. (...) O Chorão sempre achou que tinha controle sobre a situação. Ele estava havia um ano e meio usando drogas compulsivamente.[35] | ” |
O apartamento do cantor, na zona oeste da capital paulista, seria o reduto de Chorão para o consumo de drogas, o que incomodava Graziela. Por conta disso, em meados de 2012, após 15 anos de casamento, Chorão e Graziela se separaram.[36]
Na mesma entrevista dada dias após a morte do vocalista, ela afirmou que havia se separado de Chorão há quatro meses em uma tentativa de “trazê-lo de volta”, por conta da dependência química do músico.[37] A estilista revelou ainda que ela e Chorão nunca chegaram a se separar definitivamente e tiveram muitas separações durante a relação, por conta da dependência de drogas do cantor.[38]
“ | Nós estávamos afastados em razão do que estava acontecendo com ele. Lutei por ele até o fim e infelizmente quem ganhou essa guerra foi essa droga que está acabando com todo o mundo.[39] | ” |
Em dezembro de 2012 Chorão confessou no Caldeirão do Huck que ainda gostava de Graziela, mas que se sentia solteiro e que a canção Céu Azul foi inspirada nela.[40]
O corpo de Chorão foi encontrado por seu motorista Kleber Atalla na madrugada de 6 de março de 2013 no apartamento que ocupava esporadicamente no bairro de Pinheiros, em São Paulo.[41][42][43][44] Segundo a polícia, que descartou inicialmente a hipótese de homicídio, o apartamento encontrava-se em grande desordem, com garrafas vazias de bebida, embalagens de remédios e marcas de sangue.[41][42][43][44]
O delegado Itagiba Franco afirmou que Chorão passava por uma depressão devido à separação da mulher, a estilista Graziela Gonçalves.[45] Ele ainda informou que o músico era procurado pelos outros integrantes do Charlie Brown Jr. desde o meio-dia de terça-feira (5 de março). Segundo a Folha de S.Paulo, a polícia acredita que a morte pode ter acontecido entre segunda e terça-feira (04 e 5 de março, portanto), devido ao estado em que o corpo foi encontrado.[46]
Chorão teve uma overdose de cocaína, apontou o laudo necroscópico da Polícia Técnico-Científica de São Paulo. O laudo considera resultados do exame toxicológico número 5054/2013 do Instituto Médico-Legal (IML) feito no corpo. O exame toxicológico apontou que o corpo apresentava 4,714 microgramas da droga por mililitro de sangue. Segundo os peritos, foi possível concluir, a partir dos testes, que a causa da morte foi "intoxicação exógena devido à cocaina".[12]
No início da tarde do dia de sua morte, a hashtag #LutoChorão já estava há algumas horas na liderança dos trending topics mundiais do Twitter, e a notícia sobre sua morte era o assunto mais lido nos principais portais do Brasil.[18]
O velório de Chorão, aberto ao público, iniciou-se na noite do dia 6 de março no ginásio Arena Santos, e durou até as 13 horas do dia 7 de março. Mais de cinco mil pessoas passaram pelo local.[47][48] A partir desse horário, ficou restrito aos familiares e amigos.[49] Entre os famosos, estiveram presentes os integrantes das bandas Charlie Brown Jr. e NX Zero, Digão e Canisso, do Raimundos, rappers como Mano Brown e Dexter, os atores Sandro Pedroso e Alexandre Frota, e o skatista Sandro Dias.[50] Às 15 horas, o corpo seguiu em cortejo para o cemitério, em uma limousine do serviço funerário. A carreata passou pelo centro de treinamento CT Rei Pelé, e em frente ao estádio do Santos, na Vila Belmiro.[51]
Seu corpo foi enterrado no quinto andar do Memorial Metrópole Ecumênica, o cemitério vertical de Santos, localizado no bairro do Marapé, em uma cerimônia fechada ao público,[51] mas sob muitos aplausos.[52]
Em frente à pista de skate, na Vila Mathias, dezenas de mensagens e vasos de flores foram deixados na calçada.
Para Kiko Nogueira, colunista do site Diário do Centro do Mundo, "Chorão será lembrado por seus fãs pelo som pesado e competente que fazia, mistura de hip hop e hard rock, pelas letras que, paradoxalmente, eram entendidas como lições de vida – e pela morte trágica, evitável e fora de época."[54]
Já segundo nota da MTV Brasil "A banda Charlie Brown Jr. foi um grande sucesso e o músico deixa um legado musical pra além de ícone de uma ou mais gerações, sua memória estará em uma coleção de grandes hits que deram uma roupagem pop e acessível ao tripé hardcore, rap e reggae, parte fundamental do universo do skate.".[55]
Nasi, vocalista do Ira!, afirma que "Chorão foi um ícone da geração de 90. Ele deixa um legado de bons discos, além do reconhecimento da parceria skate e rock brasileiro.[56]
Para além da música, Chorão deixou legado para o skate, esporte que praticava e ajudou a difundir.[57]
Gustavo Sirotsky, produtor do festival Planeta Atlântida disse acreditar que a morte de Chorão representava o fim da banda, o que de fato ocorreu. "Assim como o Legião Urbana marcou e não seguiu quando ficou sem seu líder, o Charlie Brown também fica sem líder, portanto, é dificil continuar.".[58]
A morte de Chorão teve repercussão não só nacional, como internacional, onde sua morte foi destacada nos jornais Latin Times (que o apelidou de "Big Crying"), Huffington Post, The Washington Post, U-T San Diego, além da Billboard norte-americana.[89][90]
Com a sua morte, Chorão deixou de fazer 9 shows previamente contratados pela empresa "Promocom Eventos e Publicidade", sediada no Paraná. Por conta disso, a empresa entrou, em 2015[91], com um processo contra o filho de Chorão, Alexandre Magno, cobrando indenização.[92] Em maio de 2020, a Justiça rejeitou todos os pedidos. Afirmou que a morte, mesmo em casos de suicídio, não pode ser considerada como uma inadimplência voluntária, e tampouco pode ser considerado um ato ilícito.[93]
“ | “O Chorão foi um importante porta-voz do skate no Brasil, fez muito pelo esporte.”[94] | ” |
Para além da música, Chorão deixou legado para o skate, esporte que praticava e ajudou a difundir.[57] Considerado um ativista do skate, Chorão incluía essa paixão nas letras, nos clipes, nos shows e até chegou a construir sua própria pista, em Santos.[95]
Sua paixão pelo skate nasceu no começo da década de 80.[96] Conhecido como um dos “Ibiraboys”, ele foi vice campeão paulista na modalidade freestyle, e competiu em uma das lendárias etapas do brasileiro em Guaratinguetá.[96] Poucos dias depois do músico aparecer morto, um vídeo foi publicado no YouTube mostrando o ainda jovem Chorão, com apenas 16 anos, dando entrevista – provavelmente pela primeira vez – ao programa "Grito de Rua", famoso programa da década de 80 sobre skate.[97]
Mesmo após conquistar a fama pela música, Chorão continuou muito ligado ao skate. Num dos principais momentos da história do Charlie Brown Jr., com a banda sendo eleita a revelação na premiação anual da MTV Brasil, em 1998, Chorão fez questão de soltar, já com o prêmio na mão: “Skate na veia dos irmãos!”. Desde então, Chorão passou a representar o ícone de estilo de vida do skatista.[98]
No dia 6 de novembro de 2006, ele inaugurou o Chorão Skate Park em Santos, um espaço para skatistas e músicos que tem como destaque uma das melhores pistas de skate do Brasil,[99] com uma distribuição de obstáculos que está em sintonia com o que há de mais atual com os parques de skate no mundo.
Em janeiro de 2009, o músico lançou sua grife de roupas voltada para os skatistas, intitulada DO.CE ("dose certa"), em festa promovida em São Paulo.[100]
Em 2007, o cantor se aventurou no cinema, com o filme O Magnata,[101] dirigido pelo videomaker Johnny Araújo. Chorão foi escritor e roteirista, além de participar do filme junto com o Charlie Brown Jr. e integrar a trilha sonora do mesmo.
Antes de morrer, ele anunciou um novo filme, O Cobrador, do qual ele mesmo escreveu o roteiro.
Antes de morrer, Chorão pretendia lançar um livro contando a história da banda desde o início. Seu filho, Alexander Abrão, sabendo desse desejo de seu pai, correu atrás para realizar o sonho dele, e em 2017 lançou o livro Eu Estava Lá Também – Um Livro Criado por Chorão.
Chorão não abriu mão do seu jeito simples mesmo depois da fama. As camisetas largas, bermudas compridas e os bonés de aba reta eram sua marca registrada. A corrente comprida com aros largos e o relógio eram os principais acessórios que o cantor costumava usar.[102]
Segundo o portal G1, "Chorão tinha um estilo próprio. Criou uma música com ar de rock pesado. Tinha seus momentos românticos e mantinha uma conversa com o rap. Com outros artistas, fez parcerias com mais harmonia, como com a cantora Negra Li."[103]
Para Gustavo Brigatti, do site ClicRBS, "Chorão ditou moda e influenciou sua geração pois soube explorar temáticas predominantes na adolescência, como mulheres, festas e conflitos juvenis". David Oaski, do Ideologia Rock, vai no mesmo caminho, afirmando que "Chorão sempre falou sobre a realidade nua e crua das ruas, diversão, mulheres, putaria, skate, diversão, etc, enfim, tudo que aqueles que têm espírito jovem são apaixonados."[104]
André Barcinski, crítico musical do jornal Folha de S.Paulo, afirmou que que "o discurso e a imagem de Chorão – skatista, desbocado, fã de punk rock e rap – encontrou muitos fãs, especialmente entre a juventude. Foi o mais próximo que a música “mainstream” brasileira teve de um herói punk."[105]
Ano | Filme | Papel | Info |
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2007 | O Magnata | Ele mesmo | |
2019 | Chorão: Marginal Alado | Ele mesmo | Documentário postumo sobre sua vida e carreira |
Ano | Prêmio | Indicação | Resultado | Ref. |
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2003 | Meus Prêmios Nick (MPN) | Cantor do Ano | Venceu | |
2006 | Meus Prêmios Nick (MPN) | Cantor do Ano | Indicado | |
2008 | Prêmio Multishow de Música Brasileira 2008 | "Melhor Cantor do Ano" | Indicado | [115] |
2011 | Meus Prêmios Nick (MPN) | Cantor Favorito | Indicado |
... comprovou que overdose de cocaína matou o artista em 6 de março.
... morte do cantor, ocorrida em 6 de março último.
O conteúdo apresentado do artigo da Wikipedia foi extraído em 2021-06-14 com base em https://pt.wikipedia.org/?curid=123162