Cassiano
Informação geral
Nome completo Genival Cassiano dos Santos
Nascimento 16 de setembro de 1943
Local de nascimento Campina Grande, PB
Brasil
Morte 7 de maio de 2021 (77 anos)
Local de morte Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Gênero(s)
Ocupação(ões)
Instrumento(s)
Período em atividade 1964 - 2021
Gravadora(s)
Afiliação(ões)

Genival Cassiano dos Santos (Campina Grande, 16 de setembro de 1943Rio de Janeiro, 7 de maio de 2021), mais conhecido apenas como Cassiano, foi um cantor, compositor e guitarrista brasileiro.

É reconhecido, ao lado de Tim Maia e Hyldon, como um dos três grandes precursores do estabelecimento de uma cena de black music – influenciada pelo funk e o soul estadunidenses – na música popular do Brasil.[1][2]

Sua carreira artística, contudo, ficou comprometida por conta de um grave problema respiratório no final dos anos 1970, no qual ele perdeu uma parte dos pulmões.[1][2] Além da dificultade de atuar como cantor, a relação de Cassiano com a indústria fonográfica deterirou-se ainda mais, o que acabou levando a reclusão total do compositor ao longo das últimas três décadas da sua vida.[1][2]

Ao longo de sua trajetória musical, o cantor gravou quatro LPs de estúdio, sendo três dos quais – “Imagem e som”, “Apresentamos nosso Cassiano” e “Cuban soul – 14 kilates” – lançados na década de 1970. Seu trabalho derradeiro, “Cedo ou Tarde”, foi lançado no início da década de 1990.[1][2] Entre seus maiores sucessos comerciais, destacam-se “A Lua e Eu” e “Coleção”, na sua voz, “Primavera (Vai Chuva)” e “Eu Amo Você”, interpretadas por Tim Maia.

Biografia

Nascido na Paraíba, viveu pouco tempo no estado sendo que uma das poucas lembranças que tem dessa época é a amizade que seu pai tinha com Jackson do Pandeiro.[3] No fim da década de 1940 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro e trabalhou como assistente de pedreiro. Foi nessa época que aprendeu com o pai os primeiros acordes de bandolim e violão.

Iniciou a carreira musical em 1964 como violonista do Bossa Trio, grupo que surgiu rastro da proliferação dos conjuntos de samba jazz vinculados à bossa nova, mas com uma marcada influência do jazz e do, até então, incipiente soul dos Estados Unidos.[1][2] Apesar da curta duração, o Bossa Trio gravou dois LPs e uma série de compactos. Após essa experiência, Cassiano, o irmão Camarão e o amigo Amaro fundaram Os Diagonais,[4] grupo notadamente influenciado pela soul music estadunidense.[1][2]

Embora tenha participado apenas do álbum “Os Diagonais”, lançado em 1969,[2] o trabalho musical de Cassiano no grupo chamou a atenção de outros artistas da cena brasileira.[1] Entre eles, Tim Maia, que, depois de um período nos Estados Unidos, descobriu no compositor paraibano um outro entusiasta da obra de Marvin Gaye, Otis Redding e Stevie Wonder.[1] Foi então que Tim Maia convidou o músico a participar do primeiro disco do cantor tanto como guitarrista quanto compositor – Cassiano assinou quatro das doze faixas do LP “Tim Maia”, de 1970: “Você Fingiu”, “Padre Cícero”, essa em parceria com Tim, “Eu Amo Você” e “Primavera (Vai Chuva)”, ambas em parceria com Sílvio Rochael e grandes sucessos nas rádios brasileiras.[1][5]

A boa repercussão comercial do disco de estreia de Tim Maia possibilitou a chance para Cassiano gravar seu primeiro álbum solo, “Imagem e Som”, lançado em 1971 pela RCA. Estão nele a versão do autor para “Primavera (Vai Chuva)” e duas parcerias com Tim, “Tenho Dito” e “Ela Mandou Esperar”. Embora tenha ganhado reconhecimento tardio como uma sofisticada mistura de bossa, samba, soul e funk, o LP não teve uma grande repercussão na época do lançamento.[1]

Em 1973 pela Odeon, Cassiano gravou seu segundo LP, “Apresentamos Nosso Cassiano”, no qual interpretou dez composições de sua autoria, entre elas “Cedo ou Tarde” (em parceria com Suzana), “Me Chame Atenção” (composta com Renato Britto) e “Castiçal”. Embora algumas canções tivessem recebido um verniz mais pop em relação ao primeiro álbum, o disco ainda mantinha características experimentais quase psicodélicas e que ecoavam rock progressivo em outras faixas, o que também fez do LP, além da ausência de um hit comercial, um trabalho de difícil assimilaçãonas rádios do país.[1]

Foi então que, a partir de 1975, Cassiano finalmente obteve êxito comercial no Brasil com os singles “A Lua e Eu” e “Coleção” (ambas compostas em parceria com Paulo Zdanowski),[1][2] cujo sucesso foi também impulsionado pela inclusão de ambas na trilha-sonora das telenovelas “O Grito” (onde entrou “A Lua e Eu”) e “Locomotivas” (onde entrou “Coleção”), ambas da Rede Globo.[1] Com essas duas músicas no repertório, o álbum “Cuban Soul”, de 1976, se tornou o disco referência de seu trabalho, mas mesmo esse sucesso não facilitou a relação de Cassiano com as gravadoras.[1]

Em 1978, a CBS desistiu de lançar um quarto álbum de Cassiano, por considerá-lo um produto sem retorno financeiro garantido.[1] Nessa mesma época, os problemas de saúde começaram a atrapalhar a carreira musical do músico. Forçado a retirar parte do pulmão, Cassiano só pôde retomar a carreira, em ritmo bem mais comedido, em 1984.[1] Um novo trabalho, que também seria seu último LP de estúdio em vida, foi lançado em 1991. O disco “Cedo ou Tarde”, do qual tiveram participação nas gravações Sandra de Sá, Ed Motta e Claudio Zoli — três artistas nitidamente influenciados por ele —, Djavan, Luiz Melodia e Marisa Monte.[1] Além de sucessos antigos regravados, constam também um ou outra composição inédita, como “Rio Best-seller”, mas sem o controle da direção musical do disco, Cassiano ficou extremamente insatisfeito com o resultado final deste LP-tributo e, a partir de então, o cantor nunca mais gravou disco desde então, tendo permanecido recluso e arredio ao longo de suas últimas três décadas de vida em apartamento na zona sul do Rio de Janeiro.[1][2]

Em 2000, Ed Motta produziu “Cassiano Coleção”, um álbum de coletâneas com 14 faixas retiradas dos três LPs lançados por Cassiano entre 1971 e 1976.[2]

Em 2021, os problemas pulmonares de Cassiano agravaram-se. Depois de algumas semanas internado no Hospital Estadual Carlos Chagas, no Rio de Janeiro, o compositor acabou vitimado, aos 77 anos, por uma arritmia cardíaca em 7 de maio desse mesmo ano.[6]

Discografia

Álbuns de estúdio na carreira solo
  • 1971 - Imagem e Som
  • 1973 - Apresentamos nosso Cassiano
  • 1976 - Cuban Soul
  • 1991 - Cedo ou Tarde
Álbum de coletânea na carreira solo
  • 2000 - Cassiano Coleção
Como integrante do grupo Os Diagonais

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r Menezes, Thales de (7 de maio de 2021). «Obituário: Morre Cassiano, aos 77 anos, sem quem a música soul brasileira não seria igual». Folha de S.Paulo. Consultado em 7 de maio de 2021 
  2. a b c d e f g h i j Ferreira, Mauro (8 de maio de 2021). «Obituário: Morte de Cassiano, gênio indomado do soul brasileiro, cala voz já silenciada há décadas pelo país». G1. Consultado em 8 de maio de 2021 
  3. "Onda black 'redescobre' Cassiano" - Estadão.com, em 20 de novembro de 2001, Página visitada em 1 de agosto de 2012.
  4. NOGUEIRA, Elias. "Entrevista". Publicado em agosto de 2010. Página visitada em 31 de julho de 2012.
  5. Sérgio Martins (25 de outubro de 2000). «Alma de ouro». Revista Veja. Consultado em 16 de junho de 2010 
  6. «Cassiano, compositor da música 'Primavera', morre aos 77 anos». G1. Consultado em 7 de maio de 2021 

Ligações externas

Em formação

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