Escola Base foi uma escola particular localizada no bairro da Aclimação,[2] no município de São Paulo, no Brasil. Em março de 1994, seus proprietários (o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada), a professora Paula Milhim Alvarenga e o seu esposo e motorista Maurício Monteiro de Alvarenga foram injustamente acusados pela imprensa de abuso sexual contra alguns alunos de quatro anos da escola. Em consequência da revolta da opinião pública, a escola foi obrigada a encerrar suas atividades logo em seguida.[3]
O chamado Caso Escola Base envolve o conjunto de acontecimentos ligados a essa acusação, tais como a cobertura parcial por parte da imprensa e a conduta precipitada e muito questionada por parte do delegado de polícia Edélcio Lemos, responsável pelo caso, que, supostamente, teria agido pressionado pela mídia televisionada e pelas manchetes de jornais.[4] O caso foi arquivado pelo promotor Sérgio Peixoto Camargo por falta de provas.
Até hoje, o caso é tema de estudos de faculdades e seminários de jornalismo, direito, psicologia, psiquiatria e ciências sociais como exemplo de calúnia, difamação, injúria e danos morais.[2]
As pessoas acusadas no caso passaram a sofrer de doenças como estresse, fobia e cardiopatia, além de se isolarem da comunidade e perderem seus empregos.[2] Em 1995, Icusiro, Maria, Paula e Maurício moveram uma ação por danos morais contra a Fazenda Pública do Estado. Eles ganharam as duas primeiras instâncias. O processo está em Brasília, aguardando a sentença final.
Em 2007, Maria Aparecida Shimada, diretora da escola, morreu de câncer. Em 2014, seu marido e um dos proprietários da escola, Icushiro Shimada, morreu de infarto, em sua casa em São Paulo. Ele já tinha sofrido um infarto do miocárdio em 1994. Eles ainda aguardavam o pagamento de algumas indenizações.[5]
Os órgãos de imprensa processados por danos morais são os seguintes:[6]
Órgão de Imprensa | Ref. |
---|---|
Folha de S.Paulo | [7] |
Globo | [4] |
SBT | [8] |
Estado de São Paulo | [9] |
Record | |
Rádio e TV Bandeirantes | |
ISTOÉ | |
Veja | [10] |
Folha da Tarde | [11] |
Notícias Populares |
Em 2014, o STJ reduziu a condenação do SBT.[12]
Logo após o ocorrido, o imóvel foi alugado com o objetivo de abrigar meninas da Fundação Casa até pouco tempo depois da virada do século. A casa foi demolida em 2008 junto com outras construções ao redor para dar lugar a um condomínio de edifícios residenciais.[13]
Dois livros foram escritos narrando os acontecimentos e analisando os fatos.
O primeiro foi lançado em 1995 com o título "Caso Escola Base: os abusos da imprensa",[14] tendo ganho o Prêmio Jabuti em 1996.[nota 1]
O segundo, lançado em 2017, recebeu o título "Escola Base".[17]
Um novo livro chamado O Filho da Injustiça escrito por Ricardo Shimada, filho de Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, será lançado em 2023 e irá abordar, além das investigações, detalhes da sua vida com os pais antes, durante e após todo o ocorrido.[18]
Em 2004, o documentário “Escola Base – Marco Histórico da Irresponsabilidade da Imprensa Brasileira” foi produzido por então estudantes de jornalismo Paulo Ranieri, Thiago Domenici e Gustavo Brigatto, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.[19]
Em novembro de 2022, a GloboPlay lançou o documentário “Escola Base – Um Reporter Enfrenta o Passado”, conduzido pelo repórter Valmir Salaro, que fez a cobertura do caso na época.[20] O documentário foi elogiado pelo mea-culpa que o repórter fez 27 anos após o acontecido.[21]
Uma série documental com produção do Canal Brasil foi anunciada com previsão de lançamento para o 2° semestre do mesmo ano.[22]
O conteúdo apresentado do artigo da Wikipedia foi extraído em 2022-11-25 com base em https://pt.wikipedia.org/?curid=2210832