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Cabo Verde, oficialmente República de Cabo Verde, é um país insular localizado num arquipélago formado por dez ilhas vulcânicas na região central do Oceano Atlântico. A cerca de 570 quilómetros da costa da África Ocidental, as ilhas cobrem uma área total de pouco mais de 4 000 quilómetros quadrados.
Os exploradores portugueses descobriram e colonizaram as ilhas desabitadas no século XV, o primeiro assentamento europeu nos trópicos. Idealmente localizado para o comércio de escravos no Atlântico, o arquipélago prosperou e muitas vezes chegou a atrair corsários e piratas, entre eles Sir Francis Drake, na década de 1580. As ilhas também foram visitadas pela expedição de Charles Darwin em 1832.
O arquipélago foi ocupado e, conforme a colónia cresceu em importância entre as principais rotas de navegação entre Europa, África e América, a população aumentou de forma constante. No momento da sua independência de Portugal, em 1975, os cabo-verdianos emigraram para todo o mundo, de tal forma que a população no século XX com mais de meio milhão de pessoas nas ilhas é igualada pela diáspora cabo-verdiana na Europa, na América e na África.
A economia cabo-verdiana centra-se principalmente no crescente turismo e em investimentos estrangeiros, que se beneficiam do clima quente o ano todo, da paisagem diversificada e da riqueza cultural, especialmente na música. Historicamente, o nome "Cabo Verde" tem sido usado para se referir ao arquipélago e, desde a independência, em 1975, ao país.
O nome do país provém do vizinho Cabo Verde, na costa senegalesa,[7] avistado por exploradores portugueses em 1444, alguns anos antes de as ilhas serem descobertas. Em 24 de outubro de 2013, foi anunciado nas Nações Unidas que o nome oficial não deveria mais ser traduzido para outras línguas. Em vez de "Cabo Verde", a designação "República de Cabo Verde" está a ser usada para fins oficiais, como na Organização das Nações Unidas (ONU).[8][9]
A história refere que a descoberta de Cabo Verde se deu no século XV, mais precisamente em 1460. A colonização portuguesa começou logo após a sua descoberta, sendo as primeiras ilhas a serem povoadas as de Santiago e Fogo. Para incentivar a colonização, a corte portuguesa estabeleceu uma carta de privilégios aos moradores de Santiago relativa ao comércio de escravos na Costa da Guiné. Na Ribeira Grande, na ilha de Santiago, estabeleceu-se a primeira feitoria, que serviu ponto de escala para os navios portugueses e para o tráfego e comércio de escravos, que começava a crescer por essa época. Mais tarde, com a abolição da escravatura, o país começou a dar sinais de fragilidade e entrou em decadência, revelando uma economia pobre e de subsistência.[10]
No século XX, a partir da década de 50, começam a surgir os movimentos independentistas no continente africano. Cabo Verde vinculou-se à luta pela libertação da Guiné-Bissau, lutando contra o colonialismo português e promovendo marchas pela independência em todo o país.[11]
A posição estratégica das ilhas nas rotas que ligavam Portugal ao Brasil e ao resto da África contribuiu para o facto de essas serem utilizadas como entreposto comercial e de aprovisionamento. Abolido o tráfico de escravos em 1876, o interesse comercial do arquipélago para a metrópole portuguesa decresceu, só voltando a ter importância a partir da segunda metade do século XX. No entanto, a partir de então, já haviam sido criadas as condições para o Cabo Verde independente de hoje: europeus e africanos uniram-se numa simbiose, criando um povo de características próprias.[11]
As origens históricas nacionais da independência de Cabo Verde podem ser localizadas no final do século XIX e no início do século XX. Foi um processo gradual. Surgiu como uma tentativa de solução para as reivindicações da elite crioula de então, que protestava contra o desleixo e a negligência da metrópole portuguesa em relação ao que se passava em Cabo Verde.[12]
Com o processo de formação nacional, muito cedo a máquina administrativa foi sendo assegurada pelos nascidos em Cabo Verde, ou pelos que já tinham grande identificação com a colónia, com excepção aos cargos elevados como governadores, chefes militares etc., ainda reservados aos representantes da soberania de Portugal. Esta "auto-suficiência" administrativa de Cabo Verde estava associada a uma escolarização relativamente desenvolvida e à existência de uma imprensa mais ou menos dinâmica introduzida por Portugal, que contribuíram para o surgimento de uma elite intelectual e burocrática. Esta começou, no século XX, a discutir cada vez mais a questão da independência, gerando um clima de atrito com os representantes da metrópole. Os leitores que acompanhavam a imprensa oficial entendiam que se devia lutar pela independência ou, pelo menos, por uma autonomia honrosa.[12]
Em 1956, Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, entre outros jovens patriotas das hoje Guiné-Bissau e Cabo Verde, fundaram o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, que surgiu no contexto do movimento libertador africano, que ganhou força depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Esses patriotas formaram uma unidade popular para lutar contra o que chamavam de "deplorável política ultramarina portuguesa", afirmando que "as vítimas dessa política desejavam ver-se livres do domínio português".[12]
A 19 de dezembro de 1974, foi assinado um acordo entre o "Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde" e Portugal, instaurando-se um governo de transição em Cabo Verde, governo esse que preparou as eleições para uma Assembleia Nacional Popular. A 5 de julho de 1975, proclamou-se a independência do país, considerado na altura por muitos como um país inviável, devido às suas próprias fragilidades, havendo vozes políticas em Portugal, como é o caso de Mário Soares, que eram contra a independência do arquipélago, afirmando que Cabo Verde deveria usufruir de autonomia administrativa tal como os outros arquipélagos portugueses (Açores e Madeira). Em 1991, o país conheceu uma viragem na vida política nacional, tendo realizado as primeiras eleições multipartidárias e instituindo uma democracia parlamentar.[12][11]
Cabo Verde é um arquipélago localizado ao largo da costa da África Ocidental. As ilhas vulcânicas que o compõem são pequenas e montanhosas. Existe um vulcão activo, na ilha do Fogo, que é igualmente o ponto mais elevado do arquipélago, com 2829 m. O país é constituído por 10 ilhas, das quais 9 habitadas, e vários ilhéus desabitados, divididos em dois grupos:
As maiores ilhas são a de Santiago, a sudeste, onde se situa Praia, a capital do país, e a ilha de Santo Antão, no extremo noroeste. Praia é também o principal aglomerado populacional do arquipélago, seguida por Mindelo, na ilha de São Vicente.
Geologicamente, as ilhas, que cobrem uma área total de pouco mais de 4 033 quilómetros quadrados, são compostas principalmente de rochas ígneas, com estruturas vulcânicas e detritos piroclásticos que compõem a maior parte do volume total do arquipélago. As rochas vulcânicas e plutônicas são distintamente básicas; o arquipélago é uma província petrográfica de soda-alcalina, com uma sucessão petrológica que é semelhante à encontrada em outras ilhas da Macaronésia.
Anomalias magnéticas identificadas nas imediações do arquipélago indicam que as estruturas que formam as ilhas datam de 125-150 milhões de anos: as próprias ilhas datam de 8 milhões (no oeste) e 20 milhões de anos (no leste). A origem vulcânica das ilhas tem sido atribuída a um ponto quente, associado com o inchamento batimétrico que formou Cabo Verde. A ascensão é uma das maiores protuberâncias em oceanos do mundo, subindo 2,2 km em uma região semi-circular de 1200 quilómetros quadrados, associado a um aumento do fluxo de calor na superfície do geoide.[13]
O Pico do Fogo é o maior vulcão ativo na região e sua última erupção foi em Novembro de 2014.[14] Tem uma caldeira 8 km de diâmetro, cuja bordeira tem 1600 m de altitude e um cone interior que sobe para 2829 m acima do nível do mar. A caldeira resultou de subsidência, após a evacuação parcial (erupção) da câmara de magma, ao longo de uma coluna cilíndrica dentro da câmara de magma (a uma profundidade de 8 km).
Extensas salinas são encontradas em Sal e Maio. Em Santiago, Santo Antão e São Nicolau, encostas áridas cederam lugar a canaviais ou plantações de banana espalhadas ao longo da base de montanhas imponentes. Penhascos em direção ao oceano foram formados por avalanches catastróficas de detritos.[15]
No entanto, de acordo com o presidente de Nauru, Cabo Verde foi classificado como a oitava nação mais em risco devido a inundações por conta das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global.[16]
O arquipélago de Cabo Verde está localizado na zona subsaheliana, com um clima árido ou semiárido. A Corrente das Canárias modera a temperatura. A média anual raramente é superior a 25° C e não desce abaixo dos 20° C. A temperatura da água do mar varia entre 21° C em fevereiro e 25° C em setembro. As estações do ano são fundamentalmente duas: "as-águas" e "as-secas" ou "tempo das brisas".
A estação chuvosa, de agosto a outubro, é muito irregular e geralmente com escassa pluviosidade, em especial nas ilhas de São Vicente e Sal, onde tem havido vários anos seguidos sem chuva. As ilhas mais acidentadas, como Santo Antão, Santiago e Fogo, beneficiam de maior pluviosidade.
A estação mais seca, de dezembro a julho, é caracterizada por ventos constantes. A chamada "bruma seca", trazida pelo vento harmatão das areias do Saara, chega a provocar a interrupção dos serviços nos aeroportos.
Praia de Calhau, com o Monte Verde ao fundo, na ilha de São Vicente
Rocha Estância, em Boa Vista
Ribeira Grande em Santiago
Os cabo-verdianos são descendentes de africanos (livres ou escravos) e de europeus de várias proveniências, na sua maioria portugueses, mas também italianos, franceses ou espanhóis, dentre outros povos europeus. Há também cabo-verdianos que têm antepassados judaicos vindos do Norte África principalmente nas ilhas de Boa Vista, Santiago e Santo Antão. Grande parte dos cabo-verdianos emigrou para o estrangeiro, principalmente para os Estados Unidos, Portugal e França, de modo que há mais cabo-verdianos a residir no estrangeiro que no próprio país.
É marcadamente jovem na sua estrutura etária, com quarenta por cento dos efetivos entre os 0 e 14 anos (estimativa 2005) e apenas 6 por cento acima dos 65 anos. A média de idades da população cabo-verdiana ronda os 24 anos. A esperança média de vida, que, em 1975, rondava os 63 anos, atingiu, em 2003, os 71 anos (67 para homens; 75 para as mulheres). A taxa de mortalidade infantil, que, em 1975, rondava os 110 por milhar, representava, em 2004, um valor de 20 por milhar (44 por milhar em 1990; 26 por milhar em 2000), um valor inferior às taxas de outros países de categoria de rendimento semelhante.
A taxa de crescimento da população, dependente dos fluxos migratórios, situou-se, no decénio 1990-2000 (data do último censo populacional), em cerca de 2,4 por cento, valor que se manteve constante até 2005. De aí em diante, prevê-se que a mesma estabilize em torno do 1,9 por cento. Os agregados familiares, em 2006, eram constituídos, em média, por 4,9 membros (5 no meio rural e 4,5 no meio urbano).
Ao contrário dos países do continente africano, não há etnias em Cabo Verde. Em contrapartida, a trajetória histórica do país incluiu, desde o início, um processo de formação de classes sociais. Neste momento, pode constatar-se a ausência de uma "burguesia", mas a existência de vários tipos de "pequena burguesia", numericamente significativos. A maioria da população é, no entanto, constituída pelo campesinato e algum operariado.[17]
Os cabo-verdianos são, na sua maioria, cristãos (mais de 95%), com os católicos representando 85% da população religiosa.[18] Outras denominações cristãs também estão implantadas em Cabo Verde, com destaque para os protestantes da Igreja do Nazareno e da Igreja Adventista do Sétimo Dia, assim como a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons), a Congregação Cristã em Cabo Verde, Assembleia de Deus, Testemunhas de Jeová e outros grupos pentecostais e adventistas.[19]
Há minorias compostas por muçulmanos, judeus e da Fé Bahá'í. A liberdade de religião é garantida pela Constituição e respeitada pelo governo. Há boas relações entre as diversas confissões religiosas.[18][20]
A língua oficial é o português, usado nas escolas, na administração pública, na imprensa e nas publicações. A língua nacional de Cabo Verde, a língua do povo, é o crioulo cabo-verdiano (o criol ou kriolu). Cabo Verde é formado por dez ilhas e cada ilha tem a sua variante do crioulo (menos Santa Luzia pois não é habitada). O crioulo está oficialmente em processo de criação duma norma e discute-se a sua adoção como segunda língua oficial, ao lado do português.
Cabo Verde Instituto Nacional de Estatística (Distribuição da população residente - RGPH 2010: População urbana) | Cidades mais populosas de |||||||||||
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Praia Mindelo | |||||||||||
Posição | Localidade | Concelho | Pop. | ||||||||
1 | Praia | Praia | 127 832 | ||||||||
2 | Mindelo | São Vicente | 70 648 | ||||||||
3 | Santa Maria | Sal | 23 839 | ||||||||
4 | Assomada | Santa Catarina | 12 026 | ||||||||
5 | Porto Novo | Porto Novo | 9 430 | ||||||||
6 | Pedra Badejo | Santa Cruz | 9 345 | ||||||||
7 | São Filipe | São Filipe | 8 125 | ||||||||
8 | Tarrafal | Tarrafal | 6 177 | ||||||||
9 | Sal Rei | Boa Vista | 5 407 | ||||||||
10 | Ponta do Sol | Ribeira Grande | 4 625 |
Cabo Verde é uma república semipresidencialista, no quadro de uma democracia representativa.[2][22] Trata-se de uma das nações mais democráticas do mundo, ocupando o 26.º do mundo, de acordo com o Índice de Democracia de 2012.[23]
A constituição nacional – adoptada em 1980 e revista em 1992, 1995 e 1999 – define os princípios básicos de funcionamento do governo. O presidente é o chefe de estado e é eleito por voto popular para um mandato de 5 anos. O primeiro-ministro é o chefe de governo e propõe outros ministros e secretários de estado. O primeiro-ministro nomeado pelo presidente e sujeito a aprovação da Assembleia Nacional, cujos membros são eleitos por voto popular para mandatos de cinco anos. Existem três partidos que têm assento na Assembleia Nacional: Partido Africano da Independência de Cabo Verde (40), Movimento para a Democracia (30) e União Caboverdiana Independente e Democrática (2)[24] e também o novo Partido Popular, que se irá estrear nas eleições presidenciais de 2016.
O sistema judicial é composto por um juiz do Supremo Tribunal de Justiça – cujos membros são nomeados pelo Presidente da República, a Assembleia Nacional e o Conselho da Magistratura – e os tribunais regionais. Há tribunais separados para ouvir casos civis, constitucionais e penais.[24][necessário esclarecer]
Cabo Verde segue uma política de não alinhamento e mantém relações de cooperação com todos os estados. Angola, Brasil, China, Cuba, França, Alemanha, Portugal, Espanha, Senegal, Rússia, Luxemburgo e Estados Unidos mantêm embaixadas na Praia. O país está activamente interessado nos assuntos externos, especialmente em África.[24]
O governo cabo-verdiano mantém relações bilaterais com alguns países lusófonos e mantém uma participação em diversas organizações internacionais, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que Cabo Verde preside no biênio 2019-2020. Cabo Verde é a sede mundial do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, vinculado à CPLP. Também participa em conferências internacionais sobre questões políticas e económicas.[24] Desde o ano de 2007 que Cabo Verde tem um estatuto de parceria especial[25] com a União Europeia, no âmbito do Acordo de Cotonou, e poderá vir a solicitar adesão especial, até porque o escudo cabo-verdiano se encontra indexado ao euro.[26]
A capital de Cabo Verde é a cidade da Praia na Ilha de Santiago que, juntamente com o Mindelo, na Ilha de São Vicente, são as duas cidades principais do País. Até 2005, Cabo Verde contava com dezessete concelhos. No primeiro semestre de 2005, foi aprovada pela Assembleia Nacional cabo-verdiana a constituição de cinco novos concelhos, resultando nos actuais 22 concelhos, distribuídos pelas 9 ilhas habitadas do arquipélago:
Cabo Verde é um estado arquipélago com uma economia subdesenvolvida e que sofre com uma carência de alternativa de recursos e com o crescimento populacional. Os principais meios económicos são a agricultura, a riqueza marinha do arquipélago, a prestação de serviços (que corresponde a 80 por cento do produto interno bruto) e, mais recentemente, o turismo (que tem ganhado crescente relevância).[27] As principais ilhas turísticas são a Ilha do Sal e a Ilha da Boa Vista.
A agricultura sofre com os constantes períodos de seca e carece de uma melhor infraestrutura e modernização das técnicas agrícolas; os investimentos que atenderiam a essa necessidade adviriam de uma melhor educação dos cultivadores e da organização de um mercado de consumo dos produtos.[28] Os produtos desta agricultura de sequeiro, com base na associação tradicional do milho e dos feijoeiros anuais, destinam-se basicamente ao mercado interno cabo-verdiano (embora não suficientes para atender à procura, sendo indispensável importação maciça de alimentos). Também têm se introduzido novas culturas de produtos e plantas como legumes, frutas e hortaliças para a distribuição interna no mercado. Os principais produtos exportados são o café, a banana e a cana-de-açúcar, que possuem mercados restritos e limitados.
No setor de pescas, vem sendo implantada a modernização dos meios artesanais e métodos tradicionais para melhor aproveitamento desses recursos. Isso vem sendo feito através do apoio de organismos especializados, porém a rentabilidade da pesca exige a industrialização do pescado e a organização dos mercados para que seja escoada a produção.
Portugal tem fortemente cooperado e ajudado Cabo Verde a nível económico e social, o que resultou na indexação de sua moeda, o escudo cabo-verdiano, ao euro,e no crescimento de sua economia interna. O ex-primeiro-ministro de Portugal e presidente da Comissão Europeia no segundo semestre de 2004, José Durão Barroso, prometeu integrar Cabo Verde à área de influência da União Europeia, através de maior cooperação com Portugal.
A economia cabo-verdiana desenvolveu-se significativamente desde o final da década de 2000. Nos dias atuais, essa transformação é sustentada por um vasto programa de infraestrutura por parte do governo em domínios vitais como os transportes terrestres, os transportes marítimos, os transportes aéreos e as comunicações, entre outros.[29]
O país tem muitos emigrantes espalhados pelo mundo (com especial foco para Estados Unidos e Portugal), que contribuem com remessas financeiras significativas para o seu país de origem.[30]
Em 2007, Cabo Verde aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC) e, em 2008, o país deixou a classificação de "subdesenvolvido" para de renda média.[31][32]
A ilha de Santiago é a que mais contribui para o PIB nacional com um peso de 52,3% em 2002 e de 53,2 % em 2012, a seguir a ilha de São Vicente com 16,1% (2002) e de 15,2% (2012) e o Sal com 12,8 (2002) e 10,8% (2012).[33] Em igual período, as ilhas que menos contribuíram para o PIB foram São Nicolau com 2,2% e 2,1%, o Maio com 1,3% e 1,2% e a Brava com 1,0% para 0,8%. A ilha da Boa Vista cresceu consideravelmente nas contribuições, passando de 2,5 para 5,2%. A ilha do Fogo manteve a sua posição com 5,2% e a ilha de Santo Antão com 6,7% em 2002 e 6,2% em 2012.[34] Só o concelho da Praia tem um peso de 39%, e os demais concelhos de Santiago tiveram um peso de 14% no ano de 2012 sob o PIB nacional.[35]
A localização estratégica de Cabo Verde, no cruzamento das vias aéreas e marítimas no meio do Atlântico, tem sido reforçada por melhorias significativas no porto do Mindelo (Porto Grande) e nos aeroportos internacionais do Sal e de Praia. Um novo aeroporto internacional foi inaugurado em Boa Vista em dezembro de 2007 e outro na ilha de São Vicente (Aeroporto de São Pedro) foi inaugurado no final de 2009. As instalações de reparação naval em Mindelo foram abertas em 1983.
Os principais portos são Mindelo e Praia, mas todas as outras ilhas têm instalações portuárias menores. Além do aeroporto internacional do Sal, aeroportos chegaram a ser construídos em todas as ilhas habitadas. Todos, exceto os aeroportos na Brava e em Santo Antão, gozam de serviço aéreo regular. O arquipélago tem 3 050 km de estradas, dos quais 1 010 km são pavimentados, sendo a maioria calcetadas.[24]
As perspectivas económicas futuras do país dependem fortemente da manutenção dos fluxos de ajuda e cooperação estrangeira, do incentivo ao turismo, remessas do exterior, terceirização de trabalho para países africanos vizinhos e o impulso do programa de desenvolvimento do governo.[24]
A taxa de mortalidade infantil em Cabo Verde é de 18,5 por 1 000 nascidos vivos, enquanto a taxa de mortalidade materna é de 53,7 mortes por 100 000 nascidos vivos. A taxa de prevalência da SIDA é baixa: há cerca de 1 000 pacientes com HIV/SIDA no país, com pouco mais de metade dos quais em Praia, de acordo com um relatório das Nações Unidas.[36] Com uma expectativa de vida de 75 anos, Cabo Verde (junto com Tunísia e Líbia) tem a maior expectativa de vida em toda a África; 71 anos para os homens e 79 anos para mulheres em 2012, de acordo com o Banco Mundial e a UNICEF. Há seis hospitais regionais em cinco ilhas (Santiago (2), São Vicente, Santo Antão, Fogo e Sal). Há centros de saúde, centros de saneamento e uma variedade de clínicas privadas localizadas em todo o arquipélago.
A população de Cabo Verde é uma das mais saudáveis em África. Desde a sua independência, o país tem melhorado muito os seus indicadores de saúde. Além de ter sido promovido ao grupo de países de "desenvolvimento médio" em 2007, deixando a categoria países menos desenvolvidos (sendo apenas a segunda vez que isso aconteceu a um país.[37]) Cabo Verde é atualmente o nono país africano mais bem classificado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).[5]
Embora o sistema educativo cabo-verdiano seja semelhante ao sistema português, ao longo dos anos as universidades locais têm cada vez mais passado a adotar o sistema educacional estadunidense; por exemplo, todas as dez universidades no país oferecem programas de bacharelato de 4 anos, em vez de programas de graduação de 5 anos como em Portugal. O país tem o segundo melhor sistema educacional na África, depois da África do Sul.[carece de fontes] O ensino primário em Cabo Verde é obrigatório e gratuito para as crianças com idades entre 6 e 14 anos.[38]
Em 2011, a taxa de escolarização líquida no ensino primário foi de 85%.[38][39] Cerca de 90% do total população com mais de 15 anos de idade é alfabetizada e cerca de 25% da população tem um diploma universitário; 250 desses recém-formados têm diplomas de doutoramento em diferentes áreas académicas. Livros didáticos foram disponibilizados para 90% das crianças em idade escolar e 98% dos professores participaram de formação de outros professores.[38] Embora a maioria das crianças tenha acesso à educação, alguns problemas permanecem.[38] Por exemplo, o gasto público é insuficiente para material escolar, merenda e livros.[38]
Sua principal instituição de ensino superior é a Universidade de Cabo Verde.[40]
A maioria dos transportes em Cabo Verde é feito de avião. Existem vôos regulares entre as principais ilhas (Santiago, Sal e São Vicente), com vôos menos frequentes para as outras ilhas. O transporte de barcos também está disponível, embora não seja amplamente utilizado. Nas principais cidades, o transporte público por autocarro é periódico e táxis são comuns. Os principais aeroportos do país são o Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na Ilha do Sal; o Aeroporto Internacional Nelson Mandela, na Ilha de Santiago; o Aeroporto Internacional Aristides Pereira, na Ilha da Boa Vista; e o Aeroporto de São Pedro, na Ilha de São Vicente.[41]
A maioria das estradas cabo-verdianas são pavimentadas e cortadas através do basalto local. Com ajuda internacional, muitas estradas foram asfaltadas, como a rodovia entre Praia-Tarrafal e Praia-Cidade Velha.[41]
Mindelo, na Ilha de São Vicente, é o principal porto de cruzeiros e o terminal para o serviço de ferryboats para Santo Antão. Praia, na Ilha de Santiago, é um centro principal para serviços de ferryboats para outras ilhas. Palmeira, na Ilha do Sal, fornece combustível para o principal aeroporto da ilha, o Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, e é importante para a construção de hotéis na ilha. Porto Novo, em Santo Antão, é a única fonte de importação e exportação de produtos da ilha, bem como o tráfego de passageiros, desde o encerramento da pista de pouso em Ponta do Sol. Existem portos menores espalhados pelo país.[41]
Em todos os seus aspectos, a cultura de Cabo Verde caracteriza-se por uma miscigenação de elementos europeus e africanos. Não se trata de um somatório de duas culturas, convivendo lado a lado, mas sim, um terceiro produto, totalmente novo, resultante de um intercâmbio que começou há quinhentos anos.
O caso cabo-verdiano pode ser situado no contexto comum das nações africanas, no qual as elites, que questionaram a superioridade racial e cultural europeia e que, em alguns casos, empreenderam uma longa luta armada contra o imperialismo europeu e pela libertação nacional, utilizam hoje o domínio dos códigos ocidentais como principal instrumento de dominação interna.[42]
O povo cabo-verdiano é conhecido por sua musicalidade, bem expressa por manifestações populares como o Carnaval de Mindelo, cuja importância faz com que a cidade seja conhecida nos dias dos festejos momescos como "Brazilim" (ou "pequeno Brasil"). Na música, há diversos géneros musicais próprios, dos quais se destacam a morna, o funaná, a coladeira e o batuque. Cesária Évora foi a cantora cabo-verdiana mais conhecida no mundo, conhecida como a "diva dos pés descalços", pois assim gostava de se apresentar no palco. O sucesso internacional de Cesária Évora fez com que outros artistas cabo-verdianos, ou descendentes de cabo-verdianos nascidos em Portugal, ganhassem maior espaço no mercado musical.[carece de fontes] Exemplos disso são as cantoras Sara Tavares, Lura e Mayra Andrade.
Bana, um dos primeiros a internacionalizar a música cabo-verdiana, começou a sua carreira quando Cabo Verde era ainda um território português, enquanto trabalhava como guarda-costas e moço de recados do compositor e intérprete B. Leza.[43][44] Juntando-se ao coro dos diferentes cantores que contavam e cantavam as mornas, os amadores dos violões, das violas e dos cavaquinhos apercebem-se rapidamente da voz invulgar, "admitindo-o" entre os grandes de então.
Outro grande expoente da música tradicional de Cabo Verde foi Antonio Vicente Lopes, mais conhecido como Travadinha e Ildo Lobo, falecido em 2004. A Casa da Cultura, no centro da cidade da Praia é chamada de Casa da Cultura Ildo Lobo, em sua homenagem.
O documentário chamado Tchindas (2015), que aborda os preparativos para o Carnaval de Cabo Verde, foi exibido no festival de cinema Outfest de Los Angeles em 2015, onde recebeu o Grande Prémio do Júri.[45]
A dieta de Cabo Verde é principalmente baseada em peixes e alimentos básicos como o milho e o arroz. Os vegetais disponíveis durante a maior parte do ano são batatas, cebolas, tomates, mandioca, repolho, couves e feijões secos. Frutas como bananas e papaias estão disponíveis durante todo o ano, enquanto outras, como mangas e abacates, são sazonais.[41]
Um prato popular servido em Cabo Verde é a cachupa, um cozido de milho, feijão e peixe ou carne. Um aperitivo comum é o pastel, geralmente recheado com carne ou peixe.[41]
A formação desportiva mais bem sucedida do país é a Seleção Cabo-Verdiana de Basquetebol, que ganhou a medalha de bronze no Afrobasket de 2007 da FIBA, depois de vencer o Egito em seu último jogo. O jogador mais conhecido do país é Walter Tavares, que teve passagem pela NBA e hoje joga pelo Real Madrid da Espanha.
Cabo Verde é famoso pelo windsurf e kiteboarding. A equipa de futebol nacional de Cabo Verde, apelidada de "Tubarões Azuis" ou "Crioulos", é a Seleção Cabo-Verdiana de Futebol e é controlada pela Federação Cabo-Verdiana de Futebol. A equipa jogou no Campeonato Africano das Nações em 2013 e 2015.[46]
O país competiu em todas os Jogos Olímpicos de Verão desde 1996.
Data | Nome em português | Observações |
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1 de Janeiro | Ano Novo | |
13 de Janeiro | Dia da Democracia | |
20 de Janeiro | Dia dos Heróis Nacionais | Aniversário da morte de Amílcar Cabral |
variável | Terça-feira de Carnaval | Festa móvel |
variável | Quarta-feira de Cinzas | Festa móvel |
variável | Sexta-feira Santa, Paixão de Cristo | Festa móvel |
1 de Maio | Dia do Trabalhador | |
19 de Maio | Dia do Município da Praia | Feriado somente na capital, Praia |
1 de Junho | Dia Internacional da Criança | Antigo feriado, restabelecido em 2005 |
5 de Julho | Dia da Independência | |
15 de Agosto | Dia da Padroeira Nacional (N.ª Sr.ª das Graças) | Dia do Município da Praia |
1 de Novembro | Dia de Todos os Santos | |
25 de Dezembro | Natal |
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inválido; o nome "História de Cabo Verde 2" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
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