Aracy de Carvalho

Aracy de Carvalho Guimarães Rosa
Nome completo Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa
Conhecido(a) por "Anjo de Hamburgo", por ter salvado da morte vários judeus durante a Segunda Guerra Mundial
Nascimento 5 de dezembro de 1908
Rio Negro, Paraná, Brasil
Morte 28 de fevereiro de 2011 (102 anos)
São Paulo, Brasil
Nacionalidade brasileira

Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa (Rio Negro, 5 de dezembro de 1908São Paulo, 28 de fevereiro de 2011) foi uma poliglota brasileira que prestou serviços ao Ministério das Relações Exteriores.[1][2]

Foi agraciada pelo governo de Israel com o título de "Justa entre as Nações" pela ajuda que prestou a muitos judeus a entrarem ilegalmente no Brasil durante o governo de Getúlio Vargas.[3] Apenas um outro brasileiro, Souza Dantas, foi distinguido com este reconhecimento.[4]

A homenagem de inclusão do nome de Aracy no Jardim dos Justos entre as Nações do Yad Vashem (Museu do Holocausto), em Israel, foi prestada em 8 de julho de 1982, ocasião em que também foi homenageado o embaixador Souza Dantas. Ela é uma das pessoas homenageadas também no Museu do Holocausto de Washington (EUA). É conhecida pela alcunha de O Anjo de Hamburgo.[5]

Foi casada com o escritor João Guimarães Rosa.[6]

Biografia

Justos
entre as nações
Artigo principal
O Holocausto
As sete leis de Noé
O Museu Yad Vashem
Pessoas notórias

O Arcebispo Damaskinós
Feng-Shan Ho
Carl Lutz
Oskar Schindler
Irena Sendler
Raoul Wallenberg

Nações e grupos

Croatas
Dinamarqueses
Noruegueses
Poloneses

Aracy nasceu em Rio Negro, no Paraná, em 1908. Era filha de Sidonie Moebius de Carvalho, natural da Alta Saxônia, na Alemanha e de Amadeu Anselmo de Carvalho, um comerciante luso-brasileiro que, mais tarde, seria dono do Grande Hotel de Guarujá, cidade onde a família foi morar quando Aracy ainda era criança.[7]

Em 1930, Aracy casou-se com o alemão Johann Eduard Ludwig Tess com quem teve o filho Eduardo Carvalho Tess, mas cinco anos depois se separou, indo morar com sua tia, Lucy Luttmer, na Alemanha. Um ano depois ela retornou ao Brasil para formalizar o desquite.[8] Por falar quatro línguas (português, inglês, francês e alemão), conseguiu uma nomeação no consulado brasileiro em Hamburgo, onde passou a ser chefe da Seção de Passaportes.[9]

Em 1938, entrou em vigor, no Brasil, a Circular Secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país. Aracy ignorou a circular e continuou preparando vistos para judeus, permitindo sua entrada no Brasil. Como despachava com o cônsul geral, ela colocava os vistos entre a papelada para as assinaturas. Para obter a aprovação dos vistos, Aracy simplesmente deixava de pôr neles a letra "J", que identificava quem era judeu.[10]

Desse modo, Aracy livrou muitos judeus da prisão e do Holocausto.[10]

Ainda na Alemanha, Aracy casou-se com João Guimarães Rosa, à época cônsul adjunto. Os dois permaneceram na Alemanha até 1942, quando o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas com aquele país e passou a apoiar os Aliados da Segunda Guerra Mundial. Seu retorno ao Brasil, porém, não foi tranquilo. Ela e Guimarães Rosa ficaram quatro meses sob custódia do governo alemão, até serem trocados por diplomatas alemães. Aracy e Guimarães Rosa casaram-se, então, no México, por não haver ainda, no Brasil, o divórcio. O livro de Guimarães Rosa "Grande Sertão: Veredas", de 1956, foi dedicado a Aracy.[10]

Sua biografia inclui também ajuda a compositores e intelectuais durante o regime militar implantado no Brasil em 1964, entre eles Geraldo Vandré, de cuja tia Aracy era amiga.[11]

Últimos anos e morte

Aracy enviuvou no ano de 1967 e não se casou novamente. Sofria de Mal de Alzheimer e morreu no dia 28 de fevereiro de 2011 em São Paulo, de causas naturais, aos 102 anos. Foi sepultada no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, ao lado de seu marido, no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.[6][12]

Legado

Sua vida é tema da minessérie "Passaporte para Liberdade" produzida pela TV Globo em parceira com a Sony Pictures Television.[13]

Ver também

Bibliografia

  • Schpun, Mônica Raïsa. Justa. Aracy de Carvalho e o resgate de judeus: trocando a Alemanha nazista pelo Brasil. Rio de Janeiro, Brazil: Civilização Brasileira, 2011, 526 p. ISBN 978-8-52000-991-8.

Referências

  1. Carvalho, Marcelle. «Aracy de Carvalho, a heroína brasileira que salvou judeus na Segunda Guerra». UOL. Consultado em 14 de Dezembro de 2021 
  2. Marasciulo, Marilia. «Quem foi Aracy Guimarães Rosa, brasileira conhecida como 'Anjo de Hamburgo'». Revista Galileu. Consultado em 14 de Dezembro de 2021 
  3. Aracy de Carvalho Guimarães Rosa em Yad Vashem (em inglês)
  4. «Os justos entre as Nações». Jornal da Orla. Consultado em 14 de Dezembro de 2021 
  5. Carlos Haag (ed.). «The war of the Rosas». Revista Pesquisa FAPESP. Consultado em 5 de outubro de 2021 
  6. a b «Morre Aracy de Carvalho, viúva do escritor Guimarães Rosa, aos 102 anos». Veja. 3 de março de 2011. Consultado em 5 de outubro de 2021 
  7. Luiz Antônio Araujo, ed. (11 de agosto de 2020). «Anjo de Hamburgo: a brasileira que salvou judeus do nazismo ao conceder vistos para o Brasil e inspira série de TV». BBC. Consultado em 5 de outubro de 2021 
  8. Pollianna Milan, ed. (9 de outubro de 2010). «A heroína que o Paraná não conhece». Gazeta do Povo. Consultado em 5 de outubro de 2021 
  9. «ROSA, Aracy Moebius de Carvalho Guimaraes». Consultado em 25 de maio de 2013. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  10. a b c ARAÚJO, Luiz Antônio (11 de agosto de 2020). «'Anjo de Hamburgo': a brasileira que salvou judeus do nazismo ao conceder vistos para o Brasil e inspira série de TV. Primeira série em inglês da Globo, sem data prevista para exibição, reviverá histórias de Aracy Moebius de Carvalho». Folha de S.Paulo. Consultado em 11 de agosto de 2020 
  11. LEAHY, Anthony. Instituto da Memória. In: Gazeta do Povo, 9/10/2010
  12. «Morre aos 102 anos viúva de Guimarães Rosa». Folha de S.Paulo. 3 de março de 2011 
  13. «'Passaporte para Liberdade' vai mostrar a história de Aracy de Carvalho». Globo.com. Consultado em 14 de Dezembro de 2021 

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