Adélia Sampaio | |
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Nascimento | 1944 (78 anos) |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | realizadora de cinema, documentarista, diretor de documentários, |
Adélia Sampaio (Belo Horizonte, 1944) é uma cineasta brasileira[1] do Cinema Novo e foi a primeira mulher negra a dirigir um longa no Brasil[2][3][4]
Filha de empregada doméstica, Adélia teve um início de vida difícil e chegou a ficar afastada de sua mãe durante a infância, e foi criada em um asilo, porque o salário que sua mãe recebia não era suficiente para sustentá-la. Aos 13 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família para morar com sua irmã, que trabalhava em uma empresa que distribuía filmes russos. Lá, pela primeira vez, ela entra em uma sala de cinema e assiste Ivan, o Terrível de Serguei Eisenstein.[5]
A partir dessa experiência, Adélia buscou trabalhos em agências cinematográficas e no fim da década de 1960 foi trabalhar como telefonista na Difilm, distribuidora brasileira ligada ao Cinema Novo. Começou a organizar o cineclube da empresa, que projetava filmes em 16mm. Passou a trabalhar também na produção dos filmes, em diversas funções. Foi continuísta, maquiadora, câmera, montadora e produtora. Sua primeira experiência em um set foi como continuísta de um filme de Pedro Carlos Rovai. [5]
Adélia foi pioneira na cinematografia negra brasileira, vivendo em um ambiente patriarcal, branco e elitista.
Estreou como diretora em 1979, com o curta-metragem Denúncia Vazia[6].
Em 1984 lançou seu primeiro longa-metragem, Amor Maldito, do qual também foi roteirista (com José Louzeiro) e produtora. O filme estreou pouco tempo depois em algumas salas de cinema de São Paulo, com alerta de censura para menores de 18 anos.[7] Apesar de não ter divulgação, o longa foi um sucesso, passou a ser exibido no Rio de Janeiro, ganhou público e viajou para Festivais Internacionais. Em 2018 Amor Maldito foi exibido no FIM CINE (Festival internacional de Mulheres no Cinema [8] e na Mostra Diretoras Negras no Cinema Brasileiro [9]. O filme inaugura a temática lésbica no cinema brasileiro, contanto a história real de amor entre duas mulheres que pela falta de aceitação, resulta no suicídio de uma delas enquanto a outra é acusada de sua morte. Apesar de baseado em um fato verídico, como a maioria de seus filmes, Adélia conta que na época a Embrafilme recusou seu filme dizendo que "Jamais financiaria tal aberração". No auge do movimento Pornochanchada, ela enfrentou o preconceito da indústria e teve que lançar seu longa travestido pelo gênero. Devido a essa falta de apoio estatal, a produção do filme se deu através de parcerias, o que o tornou o primeiro longa metragem em estado cooperativo da época.Assim, atores e técnicos recebiam uma ajuda de custo e uma porcentagem do filme.[10]
Dirigiu em 1987 o documentário Fugindo do Passado: Um Drink para Tetéia e História Banal, sobre a Ditadura Militar no Brasil[11]. Em 2001, dirigiu o longa AI-5 - O Dia Que Não Existiu, em parceria com o jornalista Paulo Markun. Essa produção evidenciou a proximidade de Adélia com a oposição à Ditadura.
Em 2018 dirigiu O Mundo de Dentro, que estreou no Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo. [12]
Casou-se com o renomado jornalista Pedro Porfírio (1943-2018), e teve que enfrentar a prisão política do marido, cuidando de seus dois filhos, Vladimir e Geórgia. A casa de Adélia era potencialmente politizada, o que a fez que enfrentar preconceito diário com a sua cor, seus ideais e sua história. A cineasta passou pela perda de seu primeiro filho, ainda durante a gestação, após uma abordagem policial violenta durante uma manifestação na Cinelândia, aos 18 anos. Com o fim de seu casamento, a cineasta ainda seguiu como parceira de trabalho de Pedro, o ajudando na sua carreira de dramaturgo.
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