Carmen Miranda

Carmen Miranda
Miranda em 1941
Nome completo Maria do Carmo Miranda da Cunha
Pseudônimo(s)
  • A Pequena Notável
  • The Brazilian Bombshell
    (no exterior)
  • The Chiquita Banana Girl
    (no exterior)
Nascimento 9 de fevereiro de 1909
Marco de Canaveses; Porto; Portugal
Morte 5 de agosto de 1955 (46 anos)
Beverly Hills; Califórnia; EUA
Nacionalidade
Parentesco
Cônjuge David Alfred Sebastian (c. 1947; v. 1955)
Ocupação
Período de atividade 1928–1955
Carreira musical
Gênero(s) Samba
Extensão vocal meio-soprano[1]
Instrumento(s) Vocais
Gravadora(s)
Causa da morte ataque cardíaco
Assinatura
Signature Carmen Miranda.svg
Página oficial
carmenmiranda.com.br

Carmen Miranda GOIH OMC[2] (nascida Maria do Carmo Miranda da Cunha; Marco de Canaveses, 9 de fevereiro de 1909Beverly Hills, 5 de agosto de 1955) foi uma cantora, dançarina, e atriz luso-brasileira.[3][4][5][a] Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão.[11] Foi considerada pela revista Rolling Stone como a 15ª maior voz da música brasileira, sendo um ícone e símbolo internacional do Brasil no exterior.[12] É irmã da atriz e cantora Aurora Miranda.

Apelidada de "Brazilian Bombshell", Miranda é conhecida por seus exóticos figurinos e chapéu com frutas que ela costumava usar em seus filmes estadunidenses, que fez deles sua marca registrada. Ainda jovem, ela aprendeu a fazer chapéus em uma boutique antes de gravar seu primeiro álbum com o compositor Josué de Barros em 1929. A gravação de Ta-hí (Pra Você Gostar De Mim), escrita por Joubert de Carvalho, a levou ao estrelato no Brasil como a principal intérprete do samba na década de 1930.[13][14] Na época ela se tornou a primeira artista a assinar um contrato de trabalho com uma emissora de rádio no país.[15]

Seu crescente sucesso na indústria fonográfica lhe garantiu um lugar nos primeiros filmes sonoros lançados nos anos 1930. Carmen Miranda participou de cinco musicais carnavalescos lançados nesse período como Alô, Alô, Brasil (1935) e Alô, Alô, Carnaval (1936). Em 1939, ela apareceu pela primeira vez caracterizada de baiana, personagem que a lançou internacionalmente, no filme Banana da Terra, dirigido por Ruy Costa. O musical apresentava clássicos como O que é que a baiana tem?, que lançou Dorival Caymmi no cinema.[16]

Em 1939, o produtor da Broadway, Lee Shubert, ofereceu a Miranda um contrato de oito semanas para se apresentar em The Streets of Paris depois de vê-la no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro.[17] No ano seguinte, ela fez sua estreia no cinema estadunidense no filme Serenata Tropical, ao lado de Don Ameche e Betty Grable.[18] Naquele ano, Miranda foi eleita a terceira personalidade mais popular nos Estados Unidos, e foi convidada para se apresentar junto com seu grupo, o Bando da Lua, para o presidente Franklin Roosevelt na Casa Branca.[19] Carmen Miranda chegou a ser a mulher mais bem paga dos Estados Unidos segundo o Departamento do Tesouro Americano.[20][b]

Ela fez um total de catorze filmes nos EUA entre a década de 1940 e década de 1950, nove deles somente na 20th Century Fox. Embora aclamada como uma artista talentosa, sua popularidade diminuiu até o final da Segunda Guerra Mundial. O seu talento como cantora e performer, porém, muitas vezes foi ofuscado pelo caráter exótico de suas apresentações. Miranda tentou reconstruir sua identidade e fugir do enquadramento que seus produtores e a indústria tentavam lhe impor, mas sem conseguir grandes avanços. Sua imagem se tornou a personificação de um exotismo latino-americano genérico que foi abraçado como singular e peculiar pelo público dos EUA e rejeitado como inautêntico e paternalista por brasileiros.[22] De fato, por todos os estereótipos que enfrentou ao longo de sua carreira, suas apresentações fizeram grandes avanços na popularização da música brasileira, ao mesmo tempo, abrindo o caminho para o aumento da consciência de toda a cultura Latina.[23]

Carmen Miranda foi a primeira artista latino-americana a ser convidada a imprimir suas mãos e pés no pátio do Grauman's Chinese Theatre, em 1941. Ela também se tornou a primeira sul-americana a ser homenageada com uma estrela na Calçada da Fama.[24] A sua figura, para muito além da música, seria uma influência permanente na cultura brasileira, da Tropicália ao cinema.[25]

Em 20 anos de carreira ela deixou sua voz registrada em 279 gravações somente no Brasil e mais 34 nos EUA, num total de 313 canções. Um museu foi construído mais tarde no Rio de Janeiro, em sua homenagem.[26] Em 1995, ela foi tema do aclamado documentário Carmen Miranda: Bananas is my Business, dirigido por Helena Solberg,[27] e uma interseção no cruzamento da Hollywood Boulevard e Orange Drive em frente ao Teatro Chinês em Hollywood foi oficialmente nomeada "Carmen Miranda Square", em setembro de 1998.[28] Até hoje, nenhum artista brasileiro teve tanta projeção internacional como ela.[29]

Biografia

Início de vida

Travessa do Comércio, Praça 15, Centro do Rio. No início do século XX, a Travessa já era um dos mais importantes núcleos de imigrantes portugueses do Rio. No sobrado de n° 13 funcionava a pensão e residência de D.Maria, mãe de Carmen Miranda. Ali Carmen e sua família viveram seis anos.[30]

Carmen Miranda foi batizada com o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha na igreja da freguesia de Várzea da Ovelha e Aliviada, Portugal, concelho de Marco de Canaveses.[31] Era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto da Cunha (Marco de Canaveses, Várzea da Ovelha e Aliviada, 17 de fevereiro de 1887 - 21 de junho de 1938) e de sua mulher, Maria Emília Miranda (Marco de Canaveses, Várzea da Ovelha e Aliviada, 10 de março de 1886 - Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1971). Ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu tio Amaro tinha por óperas.

A emigração da família para o Brasil já estava marcada, entretanto, ao ver-se grávida, a mãe de Carmen Miranda preferiu aguardar o nascimento da filha. Pouco depois, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil,[32] e instalou-se na cidade do Rio de Janeiro. Em 1910, sua mãe, Maria Emília, seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda (1907-1931), e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade.[32][33] Carmen nunca voltou ao país onde nascera. A câmara municipal de Marco de Canaveses deu seu nome ao museu municipal.

No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na rua da Misericórdia, número 70, em sociedade com um conterrâneo. A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão. Mais tarde mudaram-se para a rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa.

No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cecília (1913-2011), Aurora (1915-2005)[34] e Óscar (1916).[32]

Carmen estudou na escola de freiras Santa Teresa, na rua da Lapa, número 24. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes.[35]

Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir num sobrado na Travessa do Comércio, número 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou a Portugal para tratamento, onde permaneceu até sua morte em 1931. Para complementar a renda familiar, sua mãe passou a administrar uma pensão doméstica que servia refeições para empregados de comércio.

Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu incógnita em uma fotografia na sessão de cinema do jornalista Pedro Lima da revista Selecta.

1928—1939: O início da carreira artística e consagração

Interpretado por Carmen Miranda e Mário Reis, gravado em 1934

Interpretado por Carmen Miranda e Mário Reis, gravado em 1933

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No estúdio da rádio Mayrink Veiga, 1932, o jovem Manuel de Nóbrega, aos 19 anos ( 2º em pé da esq para dir) Carmen e Aurora Miranda (sentadas) segurando a flauta Pixinguinha.
Na edição de fevereiro de 1935 da revista A Scena Muda (1921-1955).

Em 1928, o deputado baiano Aníbal Duarte apresentou Carmen Miranda a Josué de Barros. Josué trabalhava na Rádio Sociedade Professor Roquete Pinto (atual Rádio MEC) e levou Miranda para atuar na emissora. Ele então a apresentou ao diretor da Brunswick e em 1929, ela gravou sua primeira música, o samba "Não Vá Sim'bora", com autoria de Josué. Carmen Miranda foi então apresentada ao diretor da gravadora RCA Victor, onde iniciou sua carreira gravando "Dona Balbina" e "Triste Jandaia". Meses depois foram lançadas as músicas "Barucuntum" e "Iaiá Ioiô".[36]

O famoso compositor e médico Joubert de Carvalho compôs a música "Taí" com a marcha-canção "Pra Você Gostar de Mim" gravada por Miranda em 1930, a canção foi um sucesso e o disco vendeu 35 mil cópias no ano de lançamento, recorde para a época, Carmen Miranda era então aclamada pela crítica como "a maior cantora do Brasil".

Como muitos dos primeiros atores no Brasil, Carmen Miranda era já uma estrela bem estabelecida da música popular e do rádio, a sua transição para o cinema, e seu sucesso na indústria fonográfica lhe garantiu um lugar nos primeiros filmes sonoros lançados na década de 1930. Sua carreira no Brasil foi intimamente ligada com o gênero de filmes musicais que se baseou em tradições carnavalescas do país, e as celebrações anuais e estilos musicais da cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, em particular.[37]

Em 1926, ela apareceu como figurante no filme A Esposa do Solteiro, e quatro anos depois assinou contrato para Degraus da Vida, que não chegou a ser rodado. Miranda também apresentou um número musical em O Carnaval Cantado no Rio (1932), o primeiro documentário sonoro sobre o tema popular, e três músicas em A Voz do Carnaval (1933), que combinou imagens reais das celebrações do carnaval de rua no Rio com um enredo fictício que fornecia infinitos pretextos para números musicais.

Sua aparição seguinte no cinema foi em Alô, Alô, Brasil (1935), e seu status de estrela da música popular foi refletido no fato dela ter sido escolhida para se apresentar no número de encerramento do filme, a marcha "Primavera no Rio", que ela havia gravado pela RCA Victor em agosto de 1934.[38] Carmen Miranda roubou o show com este desempenho e o chefe dos estúdios da Cinédia, Adhemar Gonzaga, decidiu torná-lo o musical final do filme, em vez de um número liderado pelo cantor Francisco Alves, como havia sido planejado inicialmente. Poucos meses após o lançamento de Alô, Alô, Brasil, a revista Cinearte declarou: "Carmen Miranda é atualmente a maior figura popular do cinema brasileiro, a julgar pelo número de correspondência que ela recebe".

O êxito do filme levou a Cinédia a chamá-la para um novo musical, Bonequinha de Seda. Esta, por algum motivo não elucidado, provavelmente viagem à Argentina, não aceitou o papel, que foi dado a Gilda de Abreu. Miranda logo passou a ser chamada de "A Pequena Notável" - por causa da estatura baixa, apelido dado nessa época, pelo radialista César Ladeira.[39]

Em seu filme seguinte, Estudantes (1935), foi dado a Carmen Miranda pela primeira vez um papel narrativo. Nesta chamada produção de "meio do ano" lançada para coincidir com os festejos juninos, Carmen interpretou Mimi, uma jovem cantora de rádio (que apresenta dois números no filme), que se apaixona por um estudante universitário desempenhado pelo cantor Mário Reis.

Cartaz do filme Alô, Alô, Carnaval.

Carmen Miranda foi fundamental para o sucesso da próxima co-produção dos estúdios Waldow-Cinédia, o musical Alô, Alô, Carnaval, que contou com um elenco de estrelas do mundo da música popular e do rádio, incluindo a irmã de Carmen, Aurora Miranda. E pelos padrões brasileiros da época Alô, Alô, Carnaval foi uma grande produção. O set reproduziu o interior do luxuoso Cassino Atlântico do Rio, onde algumas das cenas foram filmadas, e os cenários para determinados números musicais. Carmen desempenhou claramente um papel crucial na atração, como é evidenciado por um cartaz anunciando o filme, que inclui apenas uma imagem, uma fotografia de corpo inteiro dela, apoiada aparentemente em um grande cartaz listando os membros do elenco, com o seu nome no topo. Embora em 1936 a versão original do filme desse a Francisco Alves o número final, foi o memorável desempenho de Carmen e Aurora em "Cantoras do Rádio" que conquistou o público. Quando uma cópia restaurada do filme foi lançado em 1974, foi precisamente o seu número musical que foi escolhido para fechar o filme, em reconhecimento do apelo duradouro da fama internacional de Carmen, bem como o valor de entretenimento inerente da performance.

Sua carreira no rádio inclui passagens pela Mayrink Veiga (1932-1936), onde assinou um contrato de dois anos para ganhar dois contos de réis por mês, fato que a tornaria a primeira cantora de rádio a assinar um contrato de trabalho com uma emissora, quando a praxe era o cachê por participação. Em 1936, Miranda assinou com a Tupi, ganhando semanalmente 1 conto de réis. Em novembro de 1937, com o fim do primeiro contrato com a Tupi, a Mayrink a chamou de volta por seis contos de réis mensais, reafirmando sua condição de "a artista mais bem paga do rádio brasileiro".[40] Dois anos depois de ingressar na Odeon, ela já era o mais popular e bem pago nome da música brasileira.[41]

Cartaz do filme Banana da Terra.

O último filme brasileiro de Carmen Miranda foi outro musical carnavalesco, Banana da Terra (1939).[42] Mais uma vez o enredo cômico do filme, era essencialmente uma construção para encadear os vários números musicais. A história começa na ilha fictícia do Oceano Pacífico, a Bananolândia, que produziu muita banana naquele ano e não teve compradores para o produto. A rainha da terra, interpretada pela cantora Dircinha Batista, foi avisada pelo conselheiro-mor, interpretado pelo ator cômico Oscarito, que devia vender banana para o Brasil. E isso ela consegue, por meio de uma intensa propaganda feita pelos jornais e pelo rádio. A ação gira em seguida, no ambiente cosmopolita dos casinos do Rio de Janeiro facilitando a inclusão de uma série de apresentações musicais. Pretendia-se que os dois pontos altos do filme fosse o desempenho por Carmen Miranda em "Boneca de Pixe", em um dueto com o apresentador de rádio Almirante, e sua performance solo em "Na Baixa do Sapateiro", composta por Ary Barroso. No entanto, Barroso exigiu mais dinheiro para o uso de suas composições, revelou-se impossível chegar a um acordo e as canções foram retiradas do filme, embora os dois respectivos cenários tenham sido criados, e os figurinos e maquiagem planejado. Para economizar tempo e dinheiro, Wallace Downey, o produtor do filme, decidiu simplesmente usar os cenários existentes e figurinos na performance de duas novas canções, a macha "Pirulito" e "O Que É que a Baiana Tem?". A única parte do filme que sobreviveu ao tempo é a seqüência em que Carmen executa a canção de Dorival Caymmi, além de cinco fotografias de seu dueto com Almirante da canção Pirulito. De acordo com a letra da música, Carmen apareceria vestindo o traje de "baiana", e foi esta versão estilizada de seu figurino que instaurou o estilo que a consagrou no mundo todo.

Em 1940, era lançado Laranja da China, filme da trilogia da qual fazia parte Banana da Terra. Estreado quando Carmen já estava nos EUA, não podendo mais contar com a participação da artista, mas capitalizando em cima da sua popularidade, reaproveitou-se de Banana da Terra a cena em que ela aparece cantando "O Que É que a Baiana Tem?".[43]

Quando se apresentava no Cassino da Urca, nos dias que antecederam o carnaval de 1939, vestida como "baiana", e acompanhada pelo Bando da Lua, Carmen Miranda chama a atenção do produtor norte-americano Lee Shubert, dono da Select Operating Corporation, que administrava metade dos teatros da Broadway, o empresário ficou impressionado com o seu talento e a contrata para seu espetáculo intitulado "The Streets of Paris". Mas a execução do contrato não foi imediata, pois Miranda fazia questão de levar consigo o Bando da Lua, apesar de Shubert estar apenas interessado nela. O impasse foi resolvido graças à intervenção de Alzira Vargas, que garantiu o embarque dos integrantes do Bando da Lua.[44] Carmen Miranda então partiu no navio S.S. Uruguay em 4 de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.

A exótica "baiana" agradou aos norte-americanos, mas despertou polêmica entre os brasileiros, com suas vestes estilizada e o arranjo de frutas tropicais que carregava sobre a cabeça – marcas definitivas de sua imagem – Carmen Miranda, acabou por expor ao mundo uma visão caricata e estereotipada do Brasil. No auge da “política de boa vizinhança” entre os Estados Unidos e a América Latina, sua imagem era explorada pelos estúdios à exaustão. Tal exposição internacional fez despertar na intelectualidade brasileira um certo sentimento de desprezo por sua figura.[45]

Em uma apresentação no Cassino da Urca em 15 de julho de 1940, depois de sua volta dos Estados Unidos, com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". Entre os seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias a norte-americana. Dois meses depois, Carmen Miranda voltaria ao mesmo palco e seria fartamente aplaudida por uma platéia mais afeita ao seu repertório, então já atualizado com respostas como "Disseram que Voltei Americanizada", especialmente composta por Vicente Paiva e Luiz Peixoto, no mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil.[46]

1939—1940: Estreia na Broadway e carreira no cinema americano

Bud Abbott (esquerda) e Lou Costello com Carmen Miranda.

Miranda chegou à Nova Iorque em 18 de maio. Ela e o Bando da Lua fizeram sua primeira apresentação na Broadway em 19 de junho de 1939, em As Ruas de Paris, uma revista musical estrelada por Bobby Clark, os comediantes Abbott & Costello, Luella Gear e o cantor Jean Sablon entre os principais artistas. Era uma produção de Ole Olsen e Chic Johnson em parceria com Lee Shubert, e estreou inicialmente no Shubert Theatre de Boston em 29 de maio de 1939. Embora a parte de Miranda fosse pequena, ela recebeu boas críticas e se tornou uma sensação na mídia.

De acordo com o crítico de teatro do New York Times, Brooks Atkinson, a maioria dos números musicais era "de mau gosto" se comparadas as genuínas revistas parisienses, Atkinson continua, mas foram os "Sul-americanos que contribuíram com a personalidade mais magnética" da revista. Carmen Miranda canta as suas "rápidas canções acompanhadas de uma banda brasileira. O calor que ela irradia vai sobrecarregar as fábricas de ar-condicionado neste verão”.[48]

O colunista Walter Winchell relatou em sua coluna no Daily Mirror, que uma nova estrela tinha nascido que salvaria a Broadway da queda nas vendas de bilhetes causada pela popularidade da Feira Mundial de Nova Iorque de 1939. O elogio de Winchell para Carmen e seu Bando da Lua foi repetido em seu programa diário na rede de rádio ABC, que atingia 55 milhões de ouvintes. A imprensa elogiou Miranda como "A garota que está salvando a Broadway da Feira Mundial".[49]

O revisor teatral da revista Life escrevendo sobre o show disse, "perto do final do primeiro ato de Streets of Paris uma jovem chamativa vestindo uma roupa estranha de cores vivas se contorce através das cortinas e começa a confundir o público já deslumbrado em um breve número de canções em português. Em parte porque sua melodia incomum e ritmos fortemente acentuados são diferentes de tudo já ouviu falar em uma revista musical em Manhattan antes, em parte porque não há nenhum significado, exceto os olhos insinuantes de Carmen Miranda, ela e suas músicas são hit do show".[50]

A revista Time escreveu que “ela é a garota que para o show, que todos admiram, e a qual todos se sentem atraídos”. Um crítico resumiu seu surpreendente apelo: "ela é a maior sensação teatral do ano".[51] A revista foi um sucesso e permaneceu em cartaz em Nova Iorque por todo um semestre, totalizando 274 apresentações.[52] Sendo depois levada para Pittsburgh, Filadélfia, Baltimore e Washington D.C, chegando a Chicago, Detroit e Cleveland. Em 5 de março de 1940, ela fez uma performance perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.

Assim que a notícia da mais recente estrela da Broadway, chamada de "Brazilian Bombshell", chegou a Hollywood, a Twentieth Century-Fox começou a desenvolver um filme para apresentá-la. Lançado em 1940, Serenata Tropical foi um grande sucesso, e criou um tipo de musical hollywoodiano totalmente novo, que definiria em grande parte o avançado estilo da Fox durante a década seguinte, apresentando o popular Don Ameche e a novata Betty Grable, o filme se tornou o musical número 1 do estúdio naquele ano, gerando uma receita de $2 milhões de dólares, e três indicações ao Oscar.[53] Produzido por Darryl F. Zanuck, o filme era uma refilmagem de Romance do Sul, de 1938, e levou mais de 10 meses de filmagem para ser concluído, na ocasião, a mais longa na história da companhia.[54] No enredo, os personagens principais viajam a Argentina, onde visitam o clube noturno "El Trigre", e onde encontram Carmen Miranda, como ela mesma, cantando os números do seu musical da Broadway, e apesar de não interagir com o elenco sua performance recebeu elogios por parte da crítica. Ted Sennet, em seu livro Hollywood Musicals escreve que "Carmen Miranda canta com uma energia que ameaça fazer desabar o absurdamente alto e enfeitado turbante em sua cabeça"[55] Down Argentine Way é considerado o primeiro de muitos filmes feito pela Fox para implementar a chamada "Política de Boa Vizinhança" do presidente Franklin D. Roosevelt em relação à América Latina. Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos desenvolveu uma agência administrativa para incentivar as boas relações com a América Latina, devido a crescente influência nazista na região. O Escritório de Assuntos Inter-Americanos foi criado para promover e estimular especificamente a produção de filmes de "boa vizinhança". A produção de Down Argentine Way antecedeu a criação do Gabinete de Assuntos Interamericanos, mas foi provavelmente influenciado pela política de administração de Roosevelt. Os filmes eram muito populares nos Estados Unidos, mas não bem sucedido como propaganda destinada a América Latina porque faltava autenticidade regional.[56] Carmen Miranda assinou um contrato com a Fox em 1940, enquanto estava aparecendo em The Streets of Paris, como não poderia ir a Hollywood, seus números para o filme foram filmados em Nova Iorque.[57]

1941—1945: Estrelato na Fox

Carmen Miranda com Don Ameche, em Uma Noite no Rio (1941).
A smiling Miranda, in costume, holds up her hands after leaving her prints outside Grauman's Chinese Theatre.
Em 1941, Miranda foi convidada a deixar suas pegadas no Grauman's Chinese Theatre.

Durante os anos de guerra, Carmen Miranda estrelou oito de seus catorze filmes; embora os estúdios a chamassem de Brazilian Bombshell, seus papéis no cinema tinham uma identidade latino-americana indefinida. Com o lançamento de Uma Noite no Rio do diretor Irving Cummings, a Variety escreveu: "[Don] Ameche convence em um papel duplo, e [Alice] Faye é atraente de ser ver, mas é a tempestuosa Carmen Miranda que realmente se destaca a partir da primeira seqüência".[58] O New York Times disse: "sempre que Don Ameche ou outro dos personagens sai do caminho e deixa que [Carmen] Miranda fique com a tela, o filme ferve em malícia".[59] Anos mais tarde, Clive Hirschhorn escreveu que That Night in Rio "era o ápice do musical do tempo de guerra da Fox - exageradamente aparamentado, e uma totalmente irresistível cornucópia de ingredientes escapistas, cujo total profissionalismo era tão deslumbrante quanto a cor, os cenários, os trajes e a quantidade de garotas despejadas no filme".[60]

Em 24 de março de 1941, Carmen Miranda tornou-se a primeira latino-americana ser convidada a colocar suas mãos e pegadas no cimento do pátio do Grauman's Chinese Theatre.[61]

O seu trabalho seguinte, Aconteceu em Havana (1941) foi dirigido por Walter Lang com William LeBaron como produtor. O elenco incluía Alice Faye, John Payne e Cesar Romero. Depois desse terceiro esforço para ativar o "quente segue latino", a Fox foi apelidada por Bosley Crowther de "a melhor vizinha em Hollywood".[62] O musical recebeu críticas variáveis em seu lançamento, René Reyna, um crítico de cinema cubano, chamou-o de "um parto de sete meses de Hollywood". No entanto, o filme rendeu de bilheteria mais do que se previa, quando estreou em 17 de outubro de 1941 no Grauman's Chinese Theatre tornou-se o filme mais rentável daquela semana, acima de Cidadão Kane. Segundo o Levantamento Nacional de Bilheteria, realizado pela revista Variety, Aconteceu em Havana rendeu mais de 1 milhão de dólares nos últimos 3 meses de 1941.[63]

Carmen Miranda em 1943.

Depois do termino das filmagens, Carmen Miranda e o Bando da Lua voltaram à Nova Iorque, para mais um musical da Broadway chamado Sons o' Fun, que estreou no Shubert Theater de Boston em 31 de outubro de 1941. Em relação a estreia, a Variety declarou que "alguns bons números especiais fazem crescer o seu valor de bilheteria, e Carmen Miranda é um deles". Com o sucesso em Boston, o musical chegou ao Winter Garden Theatre de Nova Iorque. O crítico do New York Herald Tribune, Richard Watts Jr., escreveu que as performances de Carmen Miranda dava "ao show um toque de distinção".[64] Sons O'Fun tornou-se o principal espetáculo da Broadway naquele ano, rendendo mais de 41 mil dólares em sua primeira semana, permanecendo em cartaz por 742 dias. Em 1 de junho de 1942, Carmen Miranda deixou a produção; ela partiu de volta à Hollywood.[65] Neste mesmo período, ela fez algumas gravações para a Decca Records.

Em 1942, a 20th Century-Fox pagou US$ 60 mil para Lee Shubert encerrar seu contrato com Miranda, que terminou a turnê de Sons O'Fun e começou a filmar Minha Secretária Brasileira, uma comédia musical estrelada ao lado de Betty Grable, com John Payne e Cesar Romero. O filme tornou-se um sucesso comercial, chegando a entrar para a lista dos mais rentáveis do ano, rendendo ao estúdio mais de 2 milhões de dólares em faturamento. De acordo com uma crítica do Chicago Tribune, o filme era "insensato, mas intrigante para os olhos, o enredo básico é espirrado com músicas e danças, e os olhos e mão de Carmen Miranda".[66]

Em 1943, ela apareceu em Entre a Loura e a Morena de Busby Berkeley. Os musicais de Berkeley eram famosos por seu espírito inovador e maestria com a câmera, e o papel de Carmen Miranda como Dorita caracterizou definitivamente sua carreira como a "The Lady in the Tutti-Frutti Hat". Até então, Miranda parecia estar presa a papéis exóticos, e seu contrato com o estúdio ainda a forçava a aparecer em eventos com seus figurinos extravagantes. Uma música que ela gravou, I Make My Money With Bananas, parecia prestar homenagem um tanto irônica ao seu "typecasting". The Gang's All Here foi um dos 10 filmes de maior bilheteria de 1943 e a produção mais cara do Fox no ano, além disso recebeu uma indicação ao Oscar de melhor direção de arte. Recebeu críticas positivas, o New York Times escreveu: "Sr. Berkeley esconde ideias maliciosas por trás dessas cenas, um ou dois de seus espetáculos de dança parecem provir diretamente de Freud".[67]

No ano seguinte, Miranda fez uma aparição em Quatro Moças num Jipe, um filme baseado numa aventura real das atrizes Kay Francis, Carole Landis, Martha Raye e Mitzi Mayfair. O elenco conta com as participações de Alice Faye e Betty Grable, em aparições curtas, cada qual cantando um de seus antigos sucessos numa estação de rádio, como se estivessem sendo transmitidos para os soldados.

Em 1944, Miranda também estrelou com Don Ameche em Serenata Boêmia, um musical da Fox com William Bendix e Vivian Blaine. O filme foi mal recebido; para o New York Times a formula Miranda-Ameche perdera a magia, principalmente porque "Don Ameche representa com o ar de um substituto". Peggy Simmonds, em sua revisão para o Miami Daily News disse que "felizmente Serenata Boêmia é feito em Technicolor e tem Carmen Miranda. Infelizmente para Carmen Miranda, a produção não lhe faz justiça, o efeito geral é decepcionante. Ela não tem a vantagem de ter boas falas como em seus últimos filmes, mas ainda assim brilha sempre que aparece".[68]

O terceiro filme com Carmen Miranda lançado em 1944 foi Alegria, Rapazes!, uma comédia baseada num musical de sucesso da Broadway do ano anterior, com música e letras de Cole Porter. Este seria o primeiro dos seus filmes sem William Le Baron ou Darryl F. Zanuck como produtor. No lugar deles, o responsável pela produção era Irving Starr, encarregado da segunda linha de filmes de estúdio. Para a revista Time o filme "acaba por ter nada de muito notável".[69]

Em 1945, Carmen Miranda foi a mulher mais bem paga dos Estados Unidos, segundo o Departamento do Tesouro, ganhando mais de 200 mil dólares no ano.[70]

1946—1955: Declínio e últimos filmes

Sonhos de Estrela (1945), primeiro filme em preto-e-branco de Carmen Miranda para a Fox.
Andy Russell e Carmen Miranda em uma cena do filme Copacabana (1947).

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os filmes seguintes de Carmen Miranda na 20th Century Fox foram feitos em preto-e-branco, o que refletia o interesse cada vez menor de Hollywood nela e na representação dos latino-americanos em geral. A Carmen monocromática apresentada nestes musicais não era o que o público esperava, e isso, sem dúvida, contribuiu para reduzir o apelo de bilheteria do musical Sonhos de Estrela (1945), no qual Miranda foi rebaixada para a quarta posição no elenco. Seu papel de Chita Chula era anunciado no filme como "a pequena dama do Brasil", e não passava de um personagem cômico infinitamente alegre confidente da personagem principal, Doll Face interpretada por Vivian Blaine. A crítica do New York Herald Tribune dizia: "Carmen Miranda faz o que sempre fez, só que não tão bem"; de acordo com o The Sydney Morning Herald, "Carmen Miranda aparece em apenas um número musical. O resultado não é um sucesso, mas a culpa é do diretor não de Carmen".[71]

Seu filme seguinte, Se Eu Fosse Feliz (1946), uma refilmagem de Mil Vezes Obrigado (1935) foi feito quando ela não estava mais sob contrato com estúdio, e Miranda foi novamente o quarto nome do elenco, nele havia todos os elementos que caracterizavam seus últimos personagens: o forçado sotaque caricato, além de seus figurinos característicos. Lançado em 2 de setembro de 1946, o filme recebeu críticas desfavoráveis por parte da imprensa, Bosley Crowther do The New York Times chamou de "uma das mais ridículas histórias que já impressionou".[72]

Se em 1945 Carmen Miranda se tornara a mulher mais bem paga dos EUA, em 1946 seu nome não aparecia na lista dos "30 mais bem pagos de Hollywood" coligida por Variety, e nenhum dos seus filmes figurava entre os "60 mais rentáveis daquele ano".[73] Com o fim de seu contrato em 1 de janeiro de 1946, ela tomou a decisão de prosseguir a sua carreira de atriz livre das limitações dos estúdios. Sua ambição era mudar sua imagem e assumir papéis diferentes no cinema, com isso aceitou uma oferta da United Artists de desempenhar o principal papel na comédia Copacabana ao lado de Groucho Marx.[74] No entanto, fragmentos de sua velha caricatura foram mantidos neste musical, no qual ela interpreta dois papéis distintos, o da loira Mademoiselle Fifi, e o da cantora brasileira Carmen Navarro. Copacabana recebeu críticas positivas e obteve breve sucesso em Nova Iorque, a Variety reconheceu que "Miranda deu bem conta do papel semiduplo, brilhando na comedia". Porém o filme não atraiu comentários entusiásticos nem as multidões que os musicais da Fox haviam atraído durante a guerra, e por melhor que fosse a sua atuação, representar dois papéis quase idênticos ao dos seus antigos filmes, significava que ela não havia conseguido escapar do seu esteriótipo.[75]

Seu projeto seguinte no cinema foi um filme produzido por Joe Pasternak para a MGM, O Príncipe Encantado, lançado em 1948, era uma comédia em que Miranda aparece a maior parte das vezes sem a roupa de "baiana", utilizando trajes simples porém atraentes, criados por Helen Rose. Os críticos concordaram que ela era o melhor que um filme sem maior interesse tinha a oferecer, o New York Times observou que "os momentos mais alegres" cabiam a Carmen Miranda, "cuja voz permanece uma fonte de delicado espanto para este observador".[72] O sucesso de bilheteria foi tal que no final de 1948 A Date with Judy ficou em nono lugar na lista dos espetáculos mais rendosos, o primeiro lugar foi de A Caminho do Rio um filme que se destacava pela imitação que Bob Hope fazia de Carmen Miranda.[76]

Embora sua carreira cinematográfica estivesse em declínio, a carreira musical de Carmen Miranda permaneceu sólida, ela ainda era uma atração popular em casas noturnas e na televisão. De 1948 a 1950, Miranda se uniu com Andrews Sisters para produzir e gravar uma série de singles pela Decca Records. Na primavera de 1948, Miranda embarcou em uma turnê de seis semanas no London Palladium, a partir de 26 de abril. A Europa, e especialmente Londres, era então o principal escoadouro para os artistas americanos durante o pós-guerra.

Em 1950 Carmen Miranda apareceu em uma outra produção de Joe Pasternak, o musical Romance Carioca, uma refilmagem de It's a Date, era estrelado por Ann Sothern e Jane Powell com Barry Sullivan e Louis Calhern no elenco principal. O St. Petersburg Times descreve-o como "um filme totalmente agradável" mas "o technicolor não é muito gentil com Ann Sothern, que parece muito mais velha, ou para uma loira Carmen Miranda, que perde um pouco de sua atratividade".[77]

Carmen Miranda em Morrendo de Medo (1953).

Em seu último filme, Morrendo de Medo (1953) estrelado pela dupla Dean Martin e Jerry Lewis, ela acabou representando um papel secundário e que pouco aparece na história, o filme foi duramente criticado, o New York Times disse que "Embora Miranda apareça cheia de animação e execute uma duas vezes o seu tipo especial de dança e canto, seu único serviço apreciável é dar a deixa para Lewis num número em que faz uma imitação dela, que não é nada boa".[78] A maioria de suas cenas foi eliminada na sala de montagem.[79] Ainda em 1953, Miranda empreendeu uma excursão pela Europa, uma turnê de shows que levou-a a 14 cidades na Itália, Suécia (chegou a receber simbolicamente as chaves da cidade de Estocolmo), Finlândia, Bélgica e Dinamarca.[80]

Desde o início de sua carreira americana, Carmen Miranda fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eram receitadas pelos médicos sem muitas preocupações com efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por conta do uso cada vez mais frequente, Miranda desenvolveu uma série de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia os efeitos devastadores, que foram erroneamente diagnosticados como estafa (cansaço) por médicos americanos.

Em 3 de dezembro de 1954, ela retornou ao Brasil após uma ausência de 14 anos viajando, Carmen Miranda continuava casada e estava passando por problemas conjugais com o marido. Seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Para isso ela precisou ficar internada por quatro meses numa suíte do hotel Copacabana Palace. Miranda melhorou, embora não tenha abandonado completamente os remédios. Os exames realizados no Brasil não constataram alterações de frequência cardíaca.

Ligeiramente recuperada, Carmen Miranda retornou para os Estados Unidos em 4 de abril de 1955. Imediatamente começou com as apresentações. Fez uma turnê por Las Vegas, para a inauguração do Cassino New Frontier, onde ficou por seis semanas, em seguida embarcou para uma temporada de duas semanas no clube Tropicana em Havana, Cuba.[81]

De volta a Los Angeles, ela recebeu uma proposta da CBS de ter seu próprio programa semanal na televisão, "The Carmen Miranda Show", que seria co-estrelado com Dennis O'Keefe, em um gênero parecido com I Love Lucy.[82] Mas antes disso, concordou em gravar uma participação no programa de Jimmy Durante para a NBC em 4 de agosto de 1955.

Morte

“Foi numa tarde em 1942. A Igreja estava vazia, a não ser uma moça que rezava contritamente diante do altar de Nossa Senhora das Graças. Uma senhora havia me trazido uma criança para batizar, mas, por morar muito longe daqui, e não poder pagar as passagens para alguém vir, não trouxera madrinha para o filho. Aproximei-me, então, da moça que orava e perguntei-lhe se me faria aquele favor, de repetir, pela criança, as palavras do batismo. Ela concordou imediatamente, serviu como madrinha do bebê. Depois. mandou o seu carro branco buscar o resto da família da pobre senhora para uma festa de batizado na sua casa. Eu soube, então, que a moça era a estrela Carmen Miranda e sua simplicidade deixou-me uma profunda impressão, solidificada, depois, pelas suas constantes vindas à Igreja que se lhe tomou um segundo lar, dando-nos ela um altar novo para Nossa Senhora.”

— Palavras do padre Joseph na missa do funeral de Carmen Miranda, agosto de 1955

Carmen Miranda foi encontrada morta em um corredor de sua casa em Beverly Hills na manhã de 5 de agosto de 1955. A atriz havia terminado na noite anterior as filmagens de um episódio do The Jimmy Durante Show para a NBC. Após o último take, Miranda e Durante fizeram uma performance improvisada no set para o elenco e técnicos. E em seguida alguns membros do elenco e amigos foram convidados por ela para uma pequena festa em sua casa.

Era cerca de 03:00 quando ela subiu as escadas para seu quarto. Miranda tirou a roupa, colocou seus sapatos de plataforma em um canto, acendeu um cigarro e colocou-o em um cinzeiro e foi ao banheiro retirar a maquiagem. Carmen Miranda aparentemente veio do banheiro com um pequeno espelho circular na mão, e no pequeno corredor que leva a seu quarto, caiu no chão e morreu de um ataque cardíaco, ela tinha 46 anos. Seu corpo foi encontrado por volta das 10:30, caído no corredor.

Seu médico particular, Dr. WL Marxer, foi chamado as pressas, mas ela já estava morta. Ele disse ao Los Angeles Times que Carmen Miranda não tinha histórico de problemas cardíacos e que, além de uma breve bronquite nas últimas semanas a estrela encontrava-se em perfeita saúde.[83]

Funeral

Funeral de Carmem Miranda. Cinejornal Informativo n.34/55 (1955).Imagem do Fundo Documental Agência Nacional.
Cortejo fúnebre de Carmen Miranda, na Cinelândia, tendo Palácio Monroe ao fundo.
O tumulo de Carmen Miranda no Cemitério São João Batista, na cidade do Rio de Janeiro.

Aurora Miranda, sua irmã, recebeu na mesma madrugada um telefonema do médico de Carmen avisando sobre o falecimento. Heron Domingues, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiro a noticiar a morte da cantora em edição extraordinária do Repórter Esso. Todas as emissoras interromperam suas programações para darem, em edição extra, o triste acontecimento. Edições extras de jornais ainda circularam no próprio dia 5, no sábado era manchete em todos os jornais do país e do mundo.

Somente na manhã do dia 12 de agosto, o avião Douglas DC-4 Skymaster da Real-Aerovias Brasil, em voo especial, pousava no Aeroporto do Galeão, no Rio, trazendo o corpo de Carmen Miranda.[84] Em um caminhão aberto do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e envolto com a bandeira do Brasil, o ataúde de bronze foi levado para o centro da cidade escoltado por batedores da Policia Especial em motocicletas, com sirenes abertas. Por todo o trajeto milhares de pessoas se despediram. Antes da saída do cortejo, o presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Salomão Filho, falou dando o último adeus, em nome da cidade, à artista.[85] Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado no saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, "Taí", um de seus maiores sucessos. Foi a maior manifestação popular feita no Rio de Janeiro até hoje.[86]

No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro Francisco Negrão de Lima assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, o qual somente foi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.[87] Hoje, uma herma em sua homenagem se localiza no Largo da Carioca, Rio de Janeiro.[88]

Vida pessoal

Carmen Miranda e David Sebastian (1947).

No Brasil, Carmen Miranda namorou o jovem Mário Cunha, remador do Flamengo e o bon vivant Carlos Alberto da Rocha Faria, filho de uma tradicional família carioca. Na década de 1930 Carmen manteve um relacionamento amoroso com o músico Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua, de quem chegou a engravidar, mas fez um aborto, pois estava no auge de sua carreira e não queria ter filhos no momento.

Nos Estados Unidos, manteve breves romances com o mexicano Arturo de Córdova, os americanos John Payne, Dana Andrews, Harold Young e Donald Buka, além de uma paixão tórrida com o brasileiro Carlos Niemeyer, na época piloto da Força Aérea Brasileira.[89]

Foi durante as filmagens de Copacabana (1947) que Carmen Miranda conheceu seu futuro marido, David Sebastian (1908-1990), que nos créditos aparece como assistente de produção. Cuidava dos interesses do irmão, co-financiador do filme.[90] Os dois se casaram no dia 17 de março de 1947 na Igreja do Bom Pastor em Beverly Hills, em uma cerimônia celebrada pelo reverendo Patrick J. Concannon. O casamento é apontado por todos os seus biógrafos como o começo de sua decadência moral e física. Seu marido, antes um simples empregado de produtora de cinema, tornou-se seu "empresário" e conduzia mal seus negócios e contratos. Também era alcoólatra, agredia e humilhava Carmen, e a estimulou a consumir bebidas alcoólicas, das quais logo se tornaria dependente. O relacionamento entrou em crise já nos primeiros meses, por conta de ciúmes excessivos, brigas e traições. Em 27 de setembro de 1949 o casal chegou a anunciar a separação alegando "dificuldades conjugais".[91] Mas dois meses depois, reataram o matrimônio.

Carmen Miranda era uma católica convicta e não aceitava o divórcio. Após diversas tentativas frustradas para conseguir ser mãe, onde por um ano fez diversos tratamentos, ela conseguiu engravidar em 1948, mas sofreu um aborto espontâneo no início da gestação, em Nova Iorque, depois de uma apresentação, e ficou hospitalizada por alguns dias. Devido a forte hemorragia, que comprometeu seu aparelho reprodutor, a artista descobriu ter ficado estéril, o que agravou demais suas crises de depressão, levando a um uso excessivo e descontrolado de bebidas, cigarros, antidepressivos, ansiolíticos e calmantes.

Filmografia

Ano Título original Título em português Personagem Nota
1932 O Carnaval Cantado de 1932 Ela mesma Performance: "Bamboleô"[92]
1933 A Voz do Carnaval Ela mesma Performance: "E Bateu-se a Chapa", "Moleque Indigesto" e "Good-Bye"
1935 Alô, Alô, Brasil Ela mesma Performance: "Primavera no Rio"
Estudantes Mimi
1936 Alô, Alô, Carnaval Ela mesma Performance: "Cantores de Rádio" e "Querido Adão"
1939 Banana-da-Terra Ela mesma Performance: O Que É que a Baiana Tem?" e "Pirulito"
1940 Laranja da China Ela mesma Performance: O Que É que a Baiana Tem?
Down Argentine Way Serenata Tropical Ela mesma
1941 That Night in Rio Uma Noite no Rio Carmen
Week-End in Havana Aconteceu em Havana Rosita Rivas
1942 Springtime in the Rockies Minha Secretária Brasileira Rosita Murphy
1943 The Gang's All Here Entre a Loura e a Morena Dorita
1944 Four Jills in a Jeep Quatro Moças num Jipe Ela mesma
Greenwich Village Serenata Boêmia Princess Querida O'Toole
Something for the Boys Alegria, Rapazes! Chiquita Hart
1945 Doll Face Sonhos de Estrela Chita Chula
1946 If I'm Lucky Se Eu Fosse Feliz Michelle O'Toole
1947 Copacabana Copacabana Carmen Novarro / Mlle. Fifi
1948 A Date with Judy O Príncipe Encantado Rosita Conchellas
1950 Nancy Goes to Rio Romance Carioca Marina Rodrigues
1953 Scared Stiff Morrendo de Medo Carmelita Castinha

Canções mais famosas

Será mantida a grafia original do lançamento

Discografia

Coletâneas

  • 1999 - "Carmen Miranda"
  • 1999 - "Carmen Miranda - A Pequena Notável"
  • 2000 - "Carmen Miranda- Raízes do Samba".
  • 2002 - "A Nossa Carmen Miranda - Remasterizado".
  • 2003 - "South American Way"
  • 2003 - "O que é que a Baiana Tem"
  • 2003 - "Box Carmen Miranda"
  • 2003 - "O melhor de Carmen Miranda"
  • 2004 - "O que é que a Baiana Tem? Remasterizado"
  • 2005 - "Tico Tico"
  • 2005 - "Edição Limitada - Carmen Miranda"

Homenagens

Por sua contribuição à indústria do entretenimento, Carmen Miranda tem uma estrela na Calçada da Fama.
Exposição Universo Tropical no Fashion Rio em 2011.
O Turbante de Carmen Miranda foi exibido na Exposição “Camp: Notes on Fashion”, no The Metropolitan Museum of Art, em Nova York.[94]

Carmen Miranda se consagrou em 1941, ao ser a primeira e única luso-brasileira até hoje, a gravar as mãos e plataformas no cimento da calçada da fama do Grauman's Chinese Theatre em Los Angeles. Em 8 de fevereiro de 1960 ganhou uma estrela póstuma na Calçada da Fama da Hollywood Boulevard. Miranda era a principal atração do Copacabana Night Club, famosa boate nova-iorquina, fundada em 1940 e que existe até hoje em Manhattan. O cartaz do "The Copa" é desde aquela época uma gravura estilizada de Carmen Miranda, em homenagem à cantora.

Carmen Miranda também foi caricaturada em desenhos animados como Tom & Jerry, Popeye e Looney Tunes, e imitada por Lucille Ball, Bob Hope, Jerry Lewis e Mickey Rooney.

As imagens de Miranda voltam à cena durante o movimento tropicalista. A cantora viria a ser assumida como um dos ícones tropicalistas, estando presente tanto nas letras de canções (como “Tropicália”, de Caetano Veloso), quanto nas imitações dos trejeitos da artista – o torcer das mãos e o revirar dos olhos – com que Caetano Veloso por mais de uma vez brindou/provocou a plateia.[95]

Em 1972, ela recebeu uma homenagem da Escola de Samba Império Serrano, com o tema "Alô, alô, Taí Carmen Miranda", desenvolvido pelo carnavalesco Fernando Pinto. A Escola de Samba Império Serrano sagrou-se campeã do principal concurso de escolas de samba naquele ano. Em 2008, homenageando Carmen Miranda, a Império Serrano se tornou campeã do Grupo de Acesso A e voltou em 2009 a desfilar no Grupo Especial.[96]

Em 1990, a cantora Rita Lee e seu marido, o músico Roberto de Carvalho, lançaram a música "La Miranda", em homenagem a Carmen. A música foi usada na abertura da novela Lua Cheia de Amor, da Rede Globo, que mostra uma modelo caracterizada com o figurino da atriz.

Em 18 de julho de 1995 foi agraciada postumamente com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. No mesmo ano, ela foi tema do documentário Carmen Miranda: Bananas is my Business, dirigido por Helena Solberg.

Em 25 de setembro de 1998, uma quadra no distrito de Hollywood ganhou o nome de "Carmen Miranda Square".

Em 2002, Miranda foi revivida no musical South American Way, produção orçada em R$ 1,2 milhão e dirigida por Miguel Falabella.[97][98]

Em 2005, o jornalista Ruy Castro lançou pela editora Companhia das Letras uma biografia de seiscentas páginas sobre Carmen Miranda. O livro é considerado a mais completa obra sobre a cantora.[99]

Em 2007, a BBC produziu Carmen Miranda - Beneath the Tutti Frutti Hat, um documentário de uma hora sobre a vida da artista, mapeando sua ascensão de origem humilde para se tornar uma das mais famosas cantoras do Brasil, antes de conquistar a Broadway e Hollywood. A produção apresenta entrevistas com seu biógrafo Ruy Castro, sua sobrinha Carminha Miranda e Mickey Rooney, que a personificou no filme Babes on Broadway (1941).[100]

Em 2009, no ano de seu centenário de nascimento, Miranda foi homenageada pela Academia Brasileira de Letras, e declarada "Patrimônio da Cultura Brasileira".[101] Foi a grande homenageada na edição de 2009 da São Paulo Fashion Week, o maior evento de moda do Brasil, escolhida pela organização do evento por representar a alegria e o brasileirismo colocados como temática dos desfiles daquela edição.[102]

Em 2009, a gravação de O Que É que a Baiana Tem?, de Dorival Caymmi, na voz de Carmen Miranda, foi selecionada para preservação num arquivo sonoro especial da Biblioteca do Congresso dos EUA.[103] No mesmo ano, Carmen Miranda foi agraciada com a Ordem do Mérito Cultural.

Em 2011 foi uma das homenageadas em uma série de selos vendidos nos Estados Unidos. Além dela, outros quatro artistas da música latina aparecem nas imagens: Tito Puente, Celia Cruz, Selena e Carlos Gardel.[104]

Carmen Miranda ainda foi eleita pela revista Rolling Stone como a 15.ª maior voz e a 35.ª maior artista da música brasileira.[105][106]

Em 2015, o grupo português Real Combo Lisbonense, edita o disco Saudade De Você, na Pataca Discos, com interpretações de algumas de suas mais conhecidas canções.[107]

Carmen Miranda foi eleita pela revista Latina, um dos "quinze melhores dançarinos latinos de todos os tempos".[108]

Durante a cerimônia de encerramento das Olimpíadas Rio 2016, ao som de Tico-tico no Fubá, Carmen Miranda foi homenageada pela cantora Roberta Sá em um número musical.[109]

Legado

Ver artigo principal: Carmen Miranda na cultura popular
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O Museu da Imagem e do Som, na Praia de Copacabana em junho de 2014. O prédio abrigará o acervo do Museu Carmen Miranda.
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As mãos e pegadas de Carmen Miranda no Grauman's Chinese Theatre.

Segundo o músico Caetano Veloso, "Carmen Miranda foi, primeiro, motivo de um misto de orgulho e vergonha e, depois, símbolo da violência intelectual com que queríamos encarar a nossa realidade, do olhar implacável que queríamos lançar sobre nós mesmos; Carmen conquistou a América branca, como nenhum sul-americano tinha feito ou viria a fazer, em uma época em que bastava fazer um barulho percussivo para que se fosse facilmente reconhecido como latino e negróide". Para Veloso "o que quer que aconteça na América com a música brasileira – e mesmo o que quer que aconteça no hemisfério norte com qualquer música do hemisfério sul – nos leva a pensar em Carmen Miranda. E, inversamente, pensar nela é pensar em toda a complexidade desse assunto".[110]

Embora fosse mais popular no exterior do que no Brasil na época de sua morte, Carmen Miranda contribuiu para o enaltecimento da música e a cultura brasileira. Ela foi a primeira intérprete do samba a divulgar o gênero em âmbito internacional.[111] A fantasia de baiana que ela popularizou tornou-se uma característica central do carnaval para homens e mulheres.[112]

Mesmo após sua morte, ela ainda é lembrada como uma importante e influente artista brasileira em Hollywood.[113] Carmen foi uma das 500 estrelas indicadas para compor a lista das 50 maiores lendas do cinema do American Film Institute.[114]

Em 25 de setembro de 1998, uma quadra de Los Angeles foi renomeada de Carmen Miranda Square em cerimônia presidida pelo prefeito honorário de Hollywood Johnny Grant (amigo de Carmen desde a Segunda Guerra Mundial) com a presença do cônsul geral brasileiro Jorió Gama e de integrantes do Bando da Lua. A quadra está localizada no cruzamento da Hollywood Boulevard e Orange Drive, em frente ao Grauman's Chinese Theatre, onde Carmen deixou as marcas de suas mãos e assinatura na calçada do famoso Teatro.[115][116]

Para comemorar o 50º aniversário de sua morte, uma exposição intitulada Carmen Miranda Forever foi exibida no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em novembro de 2005 e no Memorial da América Latina em São Paulo no ano seguinte.[117][118][119] Em 2005, Ruy Castro publicou uma biografia de 600 páginas da "brasileira mais famosa do século 20".[120] Os brasileiros "tendem a esquecer", disse Castro a Mac Margolis, da Newsweek, mas "nenhuma brasileira foi tão popular quanto Carmen Miranda - no Brasil ou em qualquer lugar".[121]

A gravação de 1939 de O que é que a baiana tem? de Dorival Caymmi foi selecionada para preservação na lista de 2008 do National Recording Registry da Biblioteca do Congresso.[122][123]

Em 2011, Carmen Miranda junto com Selena, Celia Cruz, Carlos Gardel e Tito Puente apareceram em um conjunto de selos comemorativos da música latina do Serviço Postal dos Estados Unidos, criado por Rafael Lopez. Marie Therese Dominguez, vice-presidente de relações governamentais dos correios, disse: "Deste dia em diante, essas imagens coloridas e vibrantes de nossas lendas da música latina viajarão em cartas e pacotes por toda América. Desta forma, criamos uma homenagem duradoura a cinco artistas extraordinários".[124]

Down Argentine Way e The Gang's All Here foram dois dos 25 filmes selecionados em 2014 na lista do National Film Registry por serem considerados "culturalmente, historicamente, ou esteticamente significantes".[125][126]

Na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016, Roberta Sá interpretou Carmen Miranda no evento ao cantar Tico-Tico no Fubá durante o desfile dos atletas.[127] Em 9 de fevereiro de 2017, Miranda foi o tema de um Google Doodle criado pela artista Sophie Diao em comemoração ao 108º aniversário de seu nascimento.[128]

Ver também

Notas

  1. "Carmen se entristecia e se ofendia quando alguém lembrava, mesmo sem querer, que ela nascera em outro país."[6] "Outro intrigante perguntou-lhe sobre o “mal-entendido” a respeito de sua nacionalidade. De tanto ter de explicar aos repórteres de Nova Iorque que não cantava em espanhol, mas em português (o próprio Brooks Atkinson, do New York Times, cometera essa gafe), escreveram que ela se sentia portuguesa, não brasileira. Isso repercutira mal aqui. — Eu sou é brasileira, e no duro!”, disse Carmen."[7] "Carmen se irritava quando a imprensa americana a chamava de “latino-americana” — ou até de “sul-americana”. Queria ser chamada de brasileira, porque “não tinha nada a ver com os descendentes de espanhóis”. Quando se via rotulada de hispânica em alguma publicação, irritava-se e culpava os publicistas da Fox. Mas essa era uma acusação injusta porque, pela insistente campanha de Carmen dentro do estúdio, todo mundo ali sabia que ela era brasileira. Nos memorandos de Darryl F. Zanuck que chegaram até nós, pode-se ler Zanuck recomendando aos roteiristas a necessidade de incluir uma “canção típica em português por Carmen” neste ou naquele trecho do filme." [8] "Marlene e Sonja eram suas amigas, mas Carmen nunca cogitou seguir o exemplo delas. Uma era alemã; a outra, norueguesa. A Alemanha, que ocupara a Noruega, estava em guerra contra os Estados Unidos, donde as duas tinham motivos para renegar sua origem. Mas o Brasil não estava nesse caso, e Carmen, muito menos. Ao contrário: depois da entrada do próprio Brasil na guerra contra a Alemanha (desde o dia 31 de agosto daquele ano) e das transmissões internacionais européias que a tinham como personagem, Carmen não perdia uma oportunidade de se afirmar “brasileira”. E, para que não restasse a menor dúvida, usou o maior canhão da América: a coluna de Walter Winchell. Quando você, meu amigo Winchell, me vir com um exótico turbante comicamente enfeitado, dançando e cantando um samba no filme Minha secretária brasileira, isso não significa que esteja diante de uma verdadeira imagem da vida e dos costumes brasileiros. Sob esse aspecto, represento a verdade tanto quanto Gypsy Rose Lee representa o real espírito americano, ou Greta Garbo, o real espírito sueco. Sou apenas uma mulher brasileira que canta alguma coisa a respeito das cores e da beleza de sua terra. O que há de teatral nessa apresentação exprime muito pouco de meu país. Em quarenta linhas, Carmen refere-se várias vezes ao Brasil e aos brasileiros como “seu país”, “sua terra” e “seu povo”, como era de seu hábito — mas, dessa vez, segundo Magalhães Júnior, para desfazer as intrigas das rádios alemãs que, ao transmitir para Portugal, acusavam os brasileiros de obrigar a “portuguesa” Carmen Miranda a se dizer brasileira, numa tentativa de jogar os portugueses contra o Brasil. Na guerra, valia tudo. Tudo bem, mas, pelo visto, os alemães não estavam conseguindo nada. No lançamento de Uma noite no Rio em Portugal, o jornal República, de Lisboa, soltou um quase-editorial em que lembrava, como que se lamentando, que Carmen “nascera entre eles [portugueses], mas adotara a nacionalidade brasileira”. Só que, para o jornal, o lamento era um elogio, e o prejuízo era deles, não dela: “É uma pena que Carmen — cujo encanto a tornaria incomparável no fado — só cante sambas brasileiros. É o caso de imaginarmos o que seria o fado por ela interpretado, se Carmen não soubesse cantar o samba”. Se não tinha dúvidas entre o samba e o fado, Carmen, talvez estimulada pela mãe, exercia sua dupla nacionalidade quando se tratava de caridade."[9] "Enquanto os críticos brasileiros despejavam sua aversão a Carmen, os argentinos roíam os cotovelos de inveja por, desde a morte de Carlos Gardel, não terem uma artista como ela no exterior. Um deles, na revista Cantando, de Buenos Aires, amargou o “crescimento acelerado do renome brasileiro graças a Carmen Miranda”. E, referindo-se à permanente propaganda que Carmen fazia do Brasil, queixou-se de que os artistas argentinos “nunca pensaram em fazer nada igual ao conseguido pela inquietante cantora brasileira”.[10]
  2. Em junho de 1946, o Tesouro americano divulgou suas arrecadações do ano fiscal de 1945, referentes aos ganhos dos contribuintes em 1944. Com os $201.458 dólares que lhe tinham sido pagos pela Fox “em salários, bônus e outras compensações”, Carmen Miranda era a mulher mais bem paga dos Estados Unidos - talvez no mundo - aquele ano.[21]

Referências

  1. «Falabella leva Carmen Miranda ao teatro». Arquivado do original em 29 de novembro de 2014 
  2. «Raul Seixas e Carmen Miranda ganham Ordem do Mérito Cultural». O Estado de S. Paulo. 24 de novembro de 2009. Consultado em 30 de maio de 2015 
  3. Castro, Ruy. Carmen: Uma Biografia - A vida de Carmen Miranda , a brasileira mais famosa do século XX. páginas 241 e 335
  4. EURICO DE BARROS (7 de fevereiro de 2009). «Perfil: Carmen Miranda». Diário de Notícias 
  5. Dirami, Vitor (9 de fevereiro de 2012). «Carmen Miranda: A Explosão Brasileira». Obvious. Consultado em 15 de outubro de 2015. Cópia arquivada em 29 de janeiro de 2013 
  6. Castro, Ruy. Carmen: Uma Biografia - A vida de Carmen Miranda, a brasileira mais famosa do século XX. página 119
  7. Castro, Ruy. Carmen: Uma Biografia - A vida de Carmen Miranda , a brasileira mais famosa do século XX. página 241
  8. Castro, Ruy. Carmen: Uma Biografia - A vida de Carmen Miranda , a brasileira mais famosa do século XX. página 310
  9. Castro, Ruy. Carmen: Uma Biografia - A vida de Carmen Miranda , a brasileira mais famosa do século XX. páginas 334 e 335
  10. Castro, Ruy. Carmen: Uma Biografia - A vida de Carmen Miranda , a brasileira mais famosa do século XX. página 407
  11. «Carmen Miranda - Biografia». UOL - Educação. Consultado em 5 de agosto de 2012 
  12. Alessander Kerber. «Mídia sonora na construção da identidade nacional brasileira: o caso da obra musical de Carmen Miranda nos anos 1930» (PDF). UFRGS. Consultado em 29 de julho de 2015 
  13. Ubiratan Brasil (6 de agosto de 2005). «Carmen Miranda torna-se um mito meio século após sua morte». Gazeta Digital. Consultado em 2 de junho de 2014 
  14. Gloria Helena Rey (1 de março de 1985). «Brazil remembers its fruit-topped lady». Evening Independent. Consultado em 28 de abril de 2014 
  15. CARDOSO JÚNIOR, Abel. Carmen Miranda – A cantora do Brasil. São Paulo, Edição particular do autor, 1978, p.23.
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Bibliografia

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